Resumo

Título do Artigo

DAR O PEIXE OU ENSINAR A PESCAR? O dilema conceitual dos estudos sobre inovação social
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Palavras Chave

Inovação social
Rede
Prática

Área

Gestão da Inovação

Tema

Redes, Ecossistemas e Ambientes de Inovação

Autores

Nome
1 - Thaís Teles Firmino
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - PPGA
2 - ANDRÉ GUSTAVO CARVALHO MACHADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - PPGA/MPGOA

Reumo

Os estudos sobre inovação social têm apresentado franco crescimento desde 2003 (VAN DER HAVE; RUBALCABA, 2016). A explicação para este crescente interesse parece estar no número cada vez maior de problemas sociais, econômicos e ambientais, bem como nas mudanças da sociedade e cultura (NICHOLLS; MURDOCK, 2012; GRIMM et al., 2013; CAJAIBA-SANTANA, 2014). Também, verificou-se que o tema demanda maior clareza conceitual e robustez das perspectivas teóricas, caracterizando um campo fértil para contribuições, especialmente no Brasil (HOWALDT; SCHWARZ, 2010; AGOSTINI et al., 2016).
Constatou-se uma ambiguidade conceitual presente nos estudos do tema envolvendo os seguintes impasses: o uso do termo em referência a processos e/ou resultados, as fontes de inovação social (IS), bem como a discordância a respeito dos resultados e sua abrangência. Diante disso, questiona-se: o que é uma IS e como pesquisa-la? Neste cenário, este ensaio se norteia pelo desenvolvimento das seguintes proposições: (1) a inovação social é uma prática com formas mais ou menos duráveis, intangíveis, irreplicáveis, empoderadoras e participativas; e (2) a etnometodologia é adequada à pesquisa empírica.
Nesta seção, são apresentadas as divergências identificadas entre os conceitos de inovação social com vistas à apresentação de uma concepção integrativa, também ressaltando o processo colaborativo de desenvolvimento das inovações como único ponto convergente das abordagens. Além desta discussão, adota-se o olhar filosófico dos estudos baseados em prática para compreensão da inovação, propondo sua análise a partir das dinâmicas de mudança das práticas em seu contexto histórico-cultural, o que pressupõe interações bastante tácitas e simbólicas entre os indivíduos e grupos.
Realizou-se uma revisão de literatura por meio das bases Scopus e Scielo em razão de suas relevâncias e interdisciplinaridade, além da inclusão de publicações de autores brasileiros. Além disso, foram utilizados os estudos das organizações e centros de pesquisa de inovação social, assim como pesquisas indicadas por estudiosos do tema, conforme sugerem Tranfield, Denyer e Smart (2003). Neste sentido, estabeleceu-se como critério de seleção: considerar apenas artigos de periódicos revisados por pares e que discutissem conceitos ou modelos de análise, gestão ou mensuração da inovação social.
Apresentou-se um continuum baseado na analogia ao dilema para solução da pobreza (dar o peixe ou ensinar a pescar?) para compreensão da inovação social. Nesta perspectiva, a prática é a unidade de análise e esta pode possuir formas mais ou menos intangíveis, irreplicáveis, duráveis e empoderadoras empreendidas por atores organizacionais com participações mais ou menos ativas no desenvolvimento das práticas, constituindo uma rede de inovação social. Ademais, criou-se um guia que relaciona os pressupostos etnometodológicos com as abordagens de inovação para nortear as investigações empíricas.
Tendo proposto o continuum e evidenciado os desdobramentos e implicações metodológicas por se adotar a concepção da inovação social como prática, acredita-se que este estudo pode contribuir na busca por minimizar as dicotomias existentes entre os conceitos disseminados sobre o tema, como também por apontar caminhos adequados à investigação empírica dentro da perspectiva proposta. Ademais, reconhece-se a limitação desta pesquisa por utilizar apenas duas bases de dados na revisão de literatura e priorizar a utilização de artigos da área de administração e negócios.
BISPO, M. Estudos Baseados em Prática: Conceitos, História e Perspectivas. Revista Interdisciplinar de Gestão Social, v. 2, n. 1, p. 13-33, 2013. CAJAIBA-SANTANA, G. Social innovation: Moving the field forward. A conceptual framework. Technological Forecasting and Social Change, v. 82, p. 42-51, 2014. HOWALDT, J.; KOPP, R.; SCHWARZ, M. Social Innovation as Drivers of Social Change – Exploring Tarde’s Contribution to Social Innovation Theory Building. In: NICHOLLS, A.; SIMON, J.; GABRIEL, M (Org.). New Frontiers In Social Innovation Research. New York: Palgrave Macmillan, 2015, p. 29-51.