Resumo

Título do Artigo

O USO DA ERGOLOGIA E DA FORMAÇÃO NA HISTÓRIA DE VIDA: O CASO DA VOVÓ ANA
Abrir Arquivo

Palavras Chave

História de vida
Ergologia
Formação

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - LUANA JÉSSICA OLIVEIRA CARMO
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS (CEFET/MG) - PPGA- PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CEFET-MG
2 - Lívia Maria De Pádua Ribeiro
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS (CEFET/MG) - Programa de Pós-graduação em Administração
3 - Lilian Bambirra de Assis
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS (CEFET/MG) - dcsa
4 - Fernanda Tarabal Lopes
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração

Reumo

Esse trabalho vem rememorar, reviver, ressignificar um passado que não deve ser esquecido. A História de vida da Vovó Ana vem demonstrar como é possível traçar uma ponte entre sua história, que é singular, e o coletivo, representando as muitas “vovós Ana” que almejam contar sua história. Esse ponto constitui-se no primeiro aspecto da História de vida, parte-se do desejo de alguém em querer contar sua história.
Problema de pesquisa: Como as experiências com o trabalho servem como guia para a narrativa de uma pessoa sobre sua história? Objetivo geral: demonstrar a partir da narrativa da História de vida da Vovó Ana, ou Dona Ana, como as experiências com o trabalho servem como guia para a narrativa de uma pessoa sobre sua história. Como objetivos específicos espera-se demonstrar que as experiências é que constituem a formação do sujeito e refletir sobre a contribuição da ergologia para a análise da atividade no trabalho.
Adorno (1995) questiona a formação determinada pelo sistema capitalista, transformando indivíduos com plena capacidade de formação em indivíduos semi-formados. Após passar pelo processo formativo (ou semi-formativo), o sujeito se depara com o mercado de trabalho. Ao desempenhar uma atividade, e o sentido dessa atividade tem significados diferentes entre os que a desempenham. O interesse da ergologia é se inclinar sobre a relação entre o trabalhador e sua atividade, destacando a distância entre o trabalho prescrito e real.
Conforme Barros e Lopes (2014), não existe um modus operandi definido para o método História de vida. Parte-se da demanda do sujeito, que deseja contar sua história. (SILVA et. al, 2007). As categorias para a análise surgiram com a narrativa da história, não sendo possível construí-las a priori. Ao final, a transcrição da história narrada foi apresentada a pesquisada, sugerindo uma aprovação do material. A depoente apontou trechos que deveriam ser retirados. Interessante ressaltar que ela escolheu onde deveria terminar a história, com sua aposentadoria.
Ao narrar sobre momentos tristes, Dona Ana chorava ao reviver aquelas emoções novamente, mas logo o choro cessava e a voz se modificava, se impondo como vitoriosa. A Ergologia faz uma análise “do ponto de vista daquele que trabalha”. Dona Ana afirma que conhecia todo o processo. Ela sabia o que fazer. Ela era capaz de organizar seu trabalho de acordo com o que ela achava melhor. Ao reformular o seu trabalho, e decidir como desempenhá-lo, seja na empresa de ônibus, seja na Prefeitura, Dona Ana expressa sua consciência, sua autonomia.
A questão levantada pela pergunta de pesquisa foi confirmada pela narrativa de Dona Ana, a qual em todo o tempo se baseou em experiências com o trabalho para contar sua história. A começar pelo trabalho em casas de família, sendo o primeiro ainda na infância, mais tarde na lavanderia, depois na empresa de ônibus, no Hospital Santa Rita, na Câmara dos Vereadores e por último na Prefeitura foram pontos que nortearam a sua história de vida. Após a aposentadoria, Dona Ana não contou mais aspectos de sua vida.
ADORNO, T. W. Educação após Auschwitz. Educação e emancipação, v. 3, p. 119-138, 1995. BOSI, E. O Tempo Vivo da Memória: Ensaios de Psicologia Social. São Paulo: Ateliê Editorial. 2003. GAULEJAC, V. História de vida: Entre sociología clínica y psicoanálisis. In: GAULEJAC, V. MARQUEZ, S. R.; RUIZ, E. T. História de vida. Psicoanálisis y sociologia clínica. México. Universidad Autônoma de Quéretaro, 2006. SCHWARTZ, Y. Trabalho e uso de si. In: SCHWARTZ, Y.; DURRIVE, L. (Org.). Trabalho & Ergologia: conversas sobre a atividade humana. 2010.