Resumo

Título do Artigo

PARA ALÉM DE MERAS PRESUNÇÕES, SÃO OS SERVIDORES PÚBLICOS RESISTENTES A MUDANÇAS?
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Palavras Chave

Mudança Organizacional
Resistência à Mudança
Organizações Públicas

Área

Administração Pública

Tema

Gestão Organizacional: Governança, Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades

Autores

Nome
1 - Jefferson Menezes de Oliveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM) - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
2 - VANIA DE FATIMA BARROS ESTIVALETE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM) - Departamento de Ciências Administrativas
3 - GILNEI LUIZ DE MOURA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM) - Departamento de Ciencias Administrativas
4 - Simone Alves Pacheco de Campos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM) - Programa de Pós Graduação em Administração

Reumo

O processo de mudança causa incertezas que afetam os indivíduos psicologicamente, podendo provocar resistência, sendo esta uma das principais barreiras à mudança bem-sucedida nas organizações (FREIRES et al. 2014). Quando os atores organizacionais percebem qualquer transformação de forma ameaçadora, podem comprometer os esforços de inovação da gestão organizacional ao adotarem comportamentos de resistência ou indiferença às mudanças propostas (PIETRO, 2001).
O presente artigo tem por objetivo mensurar o nível de resistência a mudanças entre servidores públicos lotados em uma Instituição Federal de Ensino localizada na região sul do Brasil. Justifica-se o estudo pela aplicação em um tipo de organização – a pública – que muitas vezes é mistificada pelo comportamento “resistente” de seus servidores. Assim, a presente abordagem servirá de base para elucidar os tipos proeminentes de atitudes de servidores públicos frente a mudanças, para além de meras presunções.
A resistência é apresentada como a maior dificuldade de se implementar uma mudança, e muitos esforços são dedicados a procurar meios para superá-la (GREY, 2003). Para Oreg (2006), a resistência é reconhecida como uma resposta inevitável e um fator importante que pode influenciar no sucesso ou no esforço de mudança organizacional. A medida de resistência à mudança organizacional proposta por Bortolotti (2010) apresenta três tipos de comportamentos que podem ser observados frente às inovações organizacionais: Aceitação, Indiferença e Resistência (FREIRES, 2012).
Com caráter descritivo, o estudo foi conduzido por meio de uma survey, aplicada junto a 207 servidores públicos, docentes e técnico-administrativos lotados na instituição pesquisada. Utilizou-se um questionário que contemplou variáveis relativas ao instrumento validado por Bortolotti (2010), a Escala de Resistência à Mudança. Foi empregada a análise fatorial para explorar os dados do modelo adotado. Na sequência, por meio do teste de diferenças de médias, foi possível comparar os resultados encontrados entre grupos distintos na pesquisa.
A análise fatorial exploratória, realizada a partir dos itens estabelecidos por Bortolotti (2010), permitiu a identificação de três fatores com índices aceitáveis de confiabilidade: Aceitação, Indiferença e passividade e Resistência ativa. O estudo, além de identificar a prevalência de aceitação diante de mudanças na instituição pesquisada, por meio do teste de diferenças de médias, também rejeita duas situações comumente presumidas: (i) de que os servidores com idade mais elevada são mais resistentes e; (ii) de que os técnico-administrativos são mais resistentes do que os docentes.
Para além de meras presunções, na organização pública pesquisada, foi identificada uma inclinação à atitude de aceitação diante de mudanças organizacionais. Além disso, os servidores docentes se mostraram mais resistentes se comparados aos servidores técnico-administrativos e os servidores com idade mais elevada, se comparados aos mais jovens, apresentaram maior média no que tange à abertura para ganhar novas experiências decorrentes de mudanças no trabalho. Sendo assim, o estudo foi efetivo ao desmistificar presunções que permeiam o serviço público de modo recursivo.
BORTOLOTTI, S. L. Resistência à mudança organizacional: Medida de avaliação por meio da teoria da resposta ao item. Tese de Doutorado. Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2010. FREIRES, D. A. N., GOUVEIA, V. V., BORTOLOTTI, S. L. V., RIBAS, F. T. T. Resistência à mudança organizacional: Perspectiva valorativa e organizacional. Psico PUCRS, 45(4), 513-523, 2014. GREY, C. The fetish of change. Tamara: Journal of Critical Postmodern Organization Science, 2(2): 1-19, 2003.