Resumo

O tema Governança Corporativa está presente nos debates acadêmicos há duas décadas, nacionalmente e internacionalmente. No ambiente do cooperativismo atual, onde gestores são os próprios cooperados os conflitos de agência se apresentam através da falta de ética, da promiscuidade, da conivência e mesmo da irresponsabilidade dos gestores, decorrendo alguns custos de agência que afetam o desempenho das cooperativas.

Diante das discussões sobre influência da governança corporativa sobre desempenho das empresas, o objetivo do artigo é investigar qual é a relação entre as informações de governança cooperativa e o desempenho financeiro das cooperativas de crédito no ano de 2016, sob a ótica da qualidade da governança.

A base teórica desse estudo está na Teoria da Agência, a qual tem buscado fornecer uma análise do comportamento de proprietários e de gestores. Jensen & Meckling (1976) ainda mencionam que mesmo na certeza da existência dos custos de agência, o formato corporativo das empresas tem agradado, de forma geral, investidores e credores. E que se espera a melhoria dos mecanismos capazes de reduzir esses custos, entretanto, para que isso aconteça, depende de aspectos como regulamentação, sistema legal e habilidade humana ao elaborar os contratos.

Foi realizado um estudo de caráter descritivo e quantitativo, por meio de estatísticas descritivas, correlações e teste de Kruskal Wallis. A amostra é composta por 66 cooperativas de crédito do SICOOB, no ano de 2016 pela variável de governança (Índice de Informação de Governança Cooperativa) , as informações financeiras foram obtidas na sítio eletrônico do Banco Central do Brasil(BCB) por meio dos balancetes trimestrais das cooperativas, bem como o IIGC foi obtido a partir de 20 itens retirados do questionário do projeto do Código de Melhores Práticas de Governança para cooperativas do IBGC.

Os resultados das medidas descritivas são um indicativo de que as cooperativas apresentam um nível baixo a mediano de transparência de informações, sugerindo que o IIGC apresenta correlação não significativa com sinal positivo para o ROA, e não significativa e com sinal negativo com o Tamanho, Alavancagem e o ROE, e que o nível de informação das práticas de governança cooperativa não está relacionado ao desempenho. O resultado do teste de Kruskal Wallis evidenciou uma relação não significativa entre o IIGC, aceitando-se a hipótese nula de que não existe diferença entre as médias.

Após aplicar-se a metodologia, concluiu-se que na análise geral dos dados, os valores evidenciaram uma relação neutra entre o IIGC e o desempenho das cooperativas, possivelmente devido ao baixo nível de informação disponibilizado nos sítios.

Jensen, M. C., & Meckling, W. H. (1976). Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of financial economics, 3(4), 305-360. Freitas, A. F., & de Freitas, A. F. (2013). Análise institucional de mudanças organizacionais em um sistema cooperativo de crédito solidário em Minas Gerais. Revista de Administração Pública, 47(4), 999-1020. Gupta, P., & Sharma, A. M. (2014). A study of the impact of corporate governance practices on firm performance in Indian and South Korean companies. Procedia-Social and Behavioral Sciences, 133, 4-11.