Resumo

Título do Artigo

RECORDANDO QUE “... NÃO SE DEVE TOMAR OS OUTROS POR IDIOTAS” COM A APREENSÃO DO COTIDIANO DE UMA COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS POR MEIO DA OBSERVAÇÃO.
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Palavras Chave

Observação.
Cotidiano.
Catadores.

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades Organizacionais

Autores

Nome
1 - Carine Maria Senger
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) - Campus Apucarana

Reumo

Diversos estudos sobre o cotidiano têm sido realizados no campo organizacional. O desenvolvimento destes requer a definição dos aspectos metodológicos. Embora sendo comum na antropologia e na sociologia, a pesquisa qualitativa vem se instalando, ganhando espaço e reconhecimento nos estudos organizacionais nos últimos anos, devido a importância do processo interpretativo do cotidiano dos sujeitos. Ao trabalhar com pesquisa qualitativa os pesquisadores precisam priorizar o ambiente daquele que está sendo pesquisado como fonte de dados e a sua presença como instrumento principal na coleta destes.
Percebe-se que pesquisadores podem fazer uso de técnicas como a observação para entender as práticas cotidianas dos sujeitos que atuam nas organizações. Porém, no decorrer do seu exercício, é preciso ponderar suas possibilidades e limitações. Nesse sentido, o estudo que ora se apresenta tem como objetivo compreender a observação como procedimento metodológico, considerando suas possibilidades e limitações na apreensão do cotidiano de uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis, tendo como referência a abordagem teórica de Michel de Certeau.
Para fundamentar o estudo, buscou-se alguns pressupostos teóricos baseados no cotidiano a partir de Certeau (2012), na observação como procedimento metodológico e na caracterização da atividade com materiais recicláveis. Enfatiza-se a observação como um procedimento metodológico empregado pelos pesquisadores, entre eles Certeau (2012), para apreender a prática cotidiana. De acordo com Tureta e Alcadipani (2011) a observação tem se apresentado como um recurso recorrente nos estudos organizacionais, sendo empregada para compreender diferentes situações.
Realizou-se, uma pesquisa qualitativa, tendo como objeto de análise o cotidiano de uma cooperativa de materiais recicláveis de um município do Paraná, a partir da observação não-participante da atividade realizada pelos catadores in loco. Além desta técnica, diálogos e entrevistas foram registradas em diário de campo, filmagens e fotografias.
As reflexões e discussões decorrentes da experiência vivenciada com a observação confirmaram a existência de possibilidades e, principalmente, limitações, as quais prejudicam a associação teórica na identificação das táticas e estratégias no cotidiano dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Entre tais limitações destaca-se a existência dos inúmeros estímulos recebidos durante a observação, as características particulares e individuais, bem como o estilo perceptivo e sensitivo como pesquisadora-observadora.
A experiência incutiu na pesquisadora o sentimento de que o emprego da observação não é tarefa fácil na apreensão do cotidiano, principalmente, para identificar as táticas e estratégias discutidas por Certeau (2012). É preciso dominar este procedimento, associar outras técnicas e ter uma percepção aguçada; aspectos estes que só a experiência em pesquisas do tipo pode proporcionar ao pesquisador. Embora se tenha riscos, deficiências e limitações ao empregar essa técnica, as possibilidades de avançar na produção de conhecimentos superam toda e qualquer limitação e/ou desvantagem.
ANGUERA, M. T. Metodologia de la Observacion em las Ciencias Humanas. Madri: Cátedra, 1997. BORTOLI, M. A. Catadores de Materiais Recicláveis: A Construção de Novos Sujeitos Políticos. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 105-114, jan./jun., 2009. CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano – Artes de fazer. 18. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2012. GODOY, A. S. Introdução à Pesquisa Qualitativa e suas Possibilidades. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar./abr., 1995a.