Resumo

A globalização é caracterizada não apenas pela elevação do movimento de capital e produtos, mas também pela mobilização de trabalhadores em diferentes mercados (Silva, Orsi & Nakata, 2013). Nesse cenário de internacionalização, ressalta-se a importância de que a gestão de pessoas seja revista quanto ao processo de recrutamento e seleção, gestão de expatriados, treinamento e desenvolvimento, dentre outros subsistemas. Torna-se estratégico entender como a gestão de pessoas deve ser trabalhada nesse cenário multicultural, quais desafios existentes e quais adaptações se fazem necessárias.

Silva, Orsi & Nakata (2013) destacam que o campo de estudo em Gestão Internacional de Recursos Humanos é recente tanto no contexto internacional quanto no brasileiro. Nesse sentido, o objetivo geral do estudo foi analisar a produção nacional sobre Gestão Internacional de Recursos Humanos entre 2012 e 2016. A escolha do recorte temporal baseou-se no marco final da bibliometria realizada entre 2001 e 2011 por Silva, Orsi & Nakata (2013) em que avaliaram a produção nacional e internacional acerca do tema. Ademais, objetivou-se identificar a institucionalização da pesquisa sobre o tema.

Amstrong (2011) define a Gestão Internacional de RH como o processo de planejamento de como desenvolver e implementar as melhores políticas e práticas de gestão de pessoas em diferentes contextos internacionais. Schuler & Tarique (2007) evidenciam que estudos concernentes à Gestão Internacional de Recursos Humanos são escassos, sendo que a maioria das pesquisas existentes foca em questões operacionais de expatriados, detalhando o processo de expatriação e suas respectivas políticas e práticas. A dimensão cultural também é de grande importância nesse contexto.

A pesquisa utilizou a técnica da análise bibliométrica para o período 2012-2016 e, objetivando gerar uma revisão que refletisse padrões da produção nacional dos veículos mais valorizados no meio acadêmico, foram selecionados os periódicos brasileiros da área de Administração com estrato igual ou superior a B2 segundo a classificação Qualis da CAPES para o Quadriênio 2013-2016. Após uma amostra inicial de 130 artigos, descartaram-se aqueles cujo foco principal não era a Gestão Internacional de Pessoas, selecionando-se 16 artigos para análise pormenorizada de acordo com 12 categorias.

O estudo bibliométrico demonstrou que os pesquisadores brasileiros optaram em sua maioria por estudos qualitativos no setor privado respaldados em entrevistas como instrumento de coleta de dados e análise de conteúdo como técnica de análise, o que pode contribuir para dificuldades de generalização dos resultados. Sugere-se a seguinte agenda de pesquisa: realização de estudos no 1º e 3º setor; promoção de pesquisas quantitativas ou multimétodo; e investigações relativas a temas pouco explorados entre 2012 e 2016 como, por exemplo, o papel e importância do RH internacional.

Conclui-se, pelos dados da pesquisa, que a Gestão Internacional de Pessoas ainda pode ser considerada um campo em desenvolvimento no Brasil. A deficiência da produção científica nacional acerca do tema também foi salientada pela ausência de grupo de pesquisa no Brasil cujo principal norteador seja a Gestão Internacional de Recursos Humanos. Dentre as limitações da pesquisa, menciona-se o não esgotamento da literatura nacional concernente ao assunto, uma vez que foram selecionados periódicos com estrato Qualis igual ou superior a B2, objetivando retratar a produção nacional de primeira linha.

Armstrong, M. (2011). Armstrong’s Handbook of Strategic Human Resource Management. London: Kogan Page. Schuler, R., & Tarique, I. (2007). International human resource management: a North American perspective, a thematic update and suggestions for future research. The International Journal of Human Resource Management. 18(5), 717-744. Silva, N. B., Orsi, A., & Nakata, L. E. (2013). Análise da Produção Acadêmica sobre Gestão Internacional de Recursos Humanos entre 2001 e 2011. Revista de Carreiras & Pessoas. 3(3), 50-60.