Resumo

Falar de aprendizagem organizacional não é uma tarefa simples diante da ampla literatura que permeia esse tema. Além da Administração, outras áreas também apresentam perspectivas teóricas sobre aprendizagem nesse contexto. Para Gherardi (2001) a aprendizagem demanda um dispositivo interpretativo que permita a construção de um sistema representacional; e é promulgada dentro dos limites do domínio do saber e do fazer. Isso implica um sujeito que aprende coletivamente, dentro de uma prática situada, cujo valor encontra-se na possibilidade de articulação dos sujeitos que atuam nas organizações.

Entender como a agência humana acontece nos espaços da atividade do trabalho ainda é um desafio, dadas as inúmeras abordagens. Todavia, a agência aqui abordada refere-se à agência transformadora, manifesta na capacidade do sujeito de agir e posicionar-se frente a uma situação. Assim, busca-se compreender a agência humana no decorrer do processo de aprendizagem e desenvolvimento, discutindo a agência a partir dos estímulos iniciais, da educação informal e formal, e refletindo sobre suas manifestações nos espaços da atividade do trabalho mediante conceitos teóricos, principalmente, de Vygotsky.

Para compreender a interação existente entre aprendizagem e desenvolvimento é importante analisar a relação entre aprendizagem e desenvolvimento; e os aspectos específicos desta relação quando a criança atinge a idade escolar, a partir das três correntes teóricas resgatadas por Vygotsky (1978). Percebe-se que a aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida quando a criança passa a fazer parte e interagir com um ambiente social. Um aspecto essencial da aprendizagem é o fato desta criar a Zona de Desenvolvimento Proximal.

Trata-se de um ensaio teórico realizado a partir de discussões e reflexões sobre aprendizagem e desenvolvimento mediante a transposição de conceitos teóricos, principalmente, de Vygostky.

Viabilizar a Zona de Desenvolvimento Proximal nos espaços da atividade do trabalho é propiciar que os sujeitos manifestem sua agência nos níveis de desenvolvimento real e potencial, num processo contínuo, em que a agência humana acontece, ativamente, tanto por parte da criança como daqueles com quem ela interage e recebe estímulos mediadores. A agência manifesta ao longo da vida do ser humano sob a ótica transformadora, refere-se a um sujeito ativo, crítico, opositor, rebelde e, acima de tudo, consciente do seu papel nos espaços da atividade do trabalho, resgatada por Touraine (2006).

Conclui-se que não existem limites distintos entre aprendizagem e desenvolvimento, uma vez que a aprendizagem leva ao desenvolvimento. Embora sejam termos diferentes, não são antagônicos, já que aprendizagem resulta em desenvolvimento e está diretamente a este relacionada. A aprendizagem diz respeito ao desenvolvimento real, o qual induz ao desenvolvimento potencial. Entende-se que a aprendizagem leva ao desenvolvimento e fomenta o desenvolvimento de funções mentais superiores das crianças e dos adultos. Percebe-se que o ambiente influencia a maneira como a agência humana se manifesta.

GHERARDI, S. From organizational learning to practice-based knowing. Human Relations, v. 1, n. 54, p. 131-139, 2001. TOURAINE, A. El sujeto. Un nuevo paradigma para comprender el mundo de hoy. Buenos Aires: Paidós, 2006. VYGOTSKY, L. Interaction between learning and development. Mind and Society. Cambridge, MA: Harvard University Press, p. 19-91, 1978.