Resumo

Título do Artigo

CONCENTRAÇÃO DE CONTROLE E VALOR DE MERCADO: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS NO BRASIL EM MOMENTOS DE CRISE ECONÔMICA
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Palavras Chave

Concentração de Controle
Valor de Mercado
Crise Econômica

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Governança Corporativa

Autores

Nome
1 - Dante Baiardo Cavalcante Viana Junior
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
2 - Vera Maria Rodrigues Ponte
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
3 - Daniel Ferreira Caixe
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEB (UNISEB) - Ribeirão Preto

Reumo

À luz do conflito entre acionistas majoritários e minoritários (CLAESSENS et al., 2002), típico de economias emergentes, como nos países da Europa Continental e na América Latina, estudos apontam uma relação entre a concentração de controle e o valor de mercado das empresas. No entanto, os resultados destes estudos são evidentemente contraditórios. Dessa forma, conjectura-se a possibilidade de o ambiente econômico nos quais as empresas estão situadas poder interferir nesta relação (SOARES; KLOECKNER, 2008), o que ainda não foi objeto específico de investigação nestes estudos.
Dado o exposto, o estudo pretende responder à seguinte questão de pesquisa: Qual a relação entre a concentração acionária, o desempenho corporativo e o ambiente econômico no mercado acionário brasileiro? Dessa forma, objetiva-se analisar a relação entre a concentração do capital com direito a voto e o valor de mercado da empresa brasileira, e se essa relação se diferencia em de momentos de crise macroeconômica.
Com base na Teoria de Agência replicada no bojo de economias emergentes (CLAESSENS et al., 2002), delineia-se a relação de agência entre acionistas majoritários e minoritários e seus reflexos sobre o desempenho corporativo no que tange ao valor de mercado das empresas. Nessa discussão, estudos no âmbito da Teoria Organizacional apontam mudanças no comportamento dos agentes em momentos de crise econômica (RENNÓ, 2001), o que poderia potencializar os conflitos entre majoritários e minoritários e, consequentemente, o valor de mercado das empresas.
A amostra do estudo abrange 169 empresas listadas na Brasil, Bolsa e Balcão – B3, conforme disponibilidade de informações das companhias na base Capital IQ®. O período de análise compreende os exercícios de 2010 a 2016, compreendendo 1.043 observações ano-empresas. Foram estimados modelos econométricos pelo Generalized Method of Moments, considerando o valor de mercado como variável dependente, a concentração de controle das empresas como variável independente e com a inserção de variáveis dummies capazes de controlar os efeitos da mais recente crise econômica brasileira (2014-2016).
Os resultados apontaram uma relação negativa e significante entre a concentração de controle e o valor de mercado das firmas, confirmando estudo anteriores. Após a inserção das variáveis dummies representantes dos momentos de recessão econômica, confirmou-se a relação negativa entre a concentração de controle e o valor de mercado das companhias em momentos de crise econômica (2014-2016). No entanto, não se observou esse efeito em momentos considerado como de “Não Crise” (2010-2013), onde a concentração de controle perde significância em termos de influência sobre o desempenho corporativo.
Frente aos resultados apresentados, reforçam-se os efeitos prejudiciais da concentração de controle sobre o desempenho corporativo no mercado acionário brasileiro. Nessa perspectiva, apresentam-se ainda indícios que, diante de um cenário de grave recessão econômica, grandes acionistas controladores poderiam agir ainda mais fortemente guiados por seus próprios interesses na perspectiva de evitarem riscos futuros sinalizados em ambientes de crise, o que poderia potencializar a extração de benefícios privados de controle – agravando os custos de agência e prejudicando o desempenho da empresa.
CLAESSENS, S.; DJANKOV, S.; FAN, J. P. H.; LANG, L. H. P. Disentangling the incentive and entrenchment effects of large shareholdings. The Journal of Finance, v. 57, n. 6, p. 2741-2771, 2002. RENNÓ, L. R. Confiança interpessoal e comportamento político: microfundamentos da teoria do capital social na América Latina. Revista Opinião Pública, v. 7, n. 1, p. 33-59, 2001. SOARES, R. O.; KLOECKNER, G. O. Endividamento em firmas com alta propensão à expropriação: o caso de firmas com um controlador. Revista de Administração de Empresas, v. 48, n. 4, p. 79-93, 2008.