Resumo

Título do Artigo

Capacidade de Transferência Tecnológica: a dinâmica do desenvolvimento em instituições de ensino superior
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Palavras Chave

Transferência Tecnológica
Gestão Estratégica
Capacidades Dinâmicas

Área

Gestão da Inovação

Tema

Gestão do Conhecimento, Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia

Autores

Nome
1 - Cleverton Rodrigues Fernandes
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Agência UFPB de Inovação Tecnológica
2 - ANDRÉ GUSTAVO CARVALHO MACHADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - PPGA/MPGOA

Reumo

A proposição defendida neste artigo é que a transferência tecnológica é um composto dinâmico de ações intencionais e organizacionais envolto de rotinas, competências, recursos e capacidades para transferir tecnologia. Assim, a transferência tecnológica atua como uma capacidade dinâmica, sendo capaz de gerar, no mínimo, diferenciação entre organizações comparáveis. Parte-se da premissa, pois, que uma organização que consiga transferir, de forma bem sucedida, uma tecnologia pode ser considerada detentora da Capacidade de Transferência Tecnológica (CTT).
A partir dos anos 1980, governos têm incentivado a geração de novas tecnologias a partir de IES e que seus respectivos resultados sejam transferidos para o setor produtivo. Entretanto, a transferência tecnológica continua como um gargalo em grande parte das IES públicas brasileiras. O problema de pesquisa foi sintetizado na seguinte questão: como ocorre a dinâmica do desenvolvimento da capacidade de transferência tecnológica em IES públicas brasileiras? O objetivo central é explicar como ocorre a dinâmica do desenvolvimento da capacidade de transferência tecnológica em IES públicas brasileiras
Dentre as teorias disponíveis para embasar a presente pesquisa, a perspectiva das Capacidades Dinâmicas se mostrou satisfatória por permitir enxergar o fenômeno da transferência tecnológica em nível “meso”, ou seja, capaz de considerar as idiossincrasias organizacionais, porém sem se deter ao nível individual. Esta perspectiva dispõe de diferentes frameworks (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; ZOLLO; WINTER, 2002; HELFAT; PETERAF, 2003; WANG; AHMED, 2007; TEECE, 2007; ROMME; ZOLL; BERENDS, 2010; WILDEN et al. 2013), os quais serviram de base para o presente trabalho.
Para responder à questão de pesquisa proposta foram adotados estudos qualitativos, numa ótica interpretativista, de dois casos estendidos de modo histórico e em profundidade com o intuito de reconceituar e prolongar a teoria. Os eventos de transferência tecnológica foram escolhidos de acordo com a existência de contratos, bem como acessibilidade de dados que permitissem constituir um fio condutor de eventos, fatos e ações. Os dados foram coletados entre os meses de março e maio de 2016. Para apreciação analítica foram adotados tanto o método de caso estendido quanto a análise do discurso.
Ambas IES apresentaram comportamentos e características semelhantes, o que permitiu a elaboração de uma meta-rotina (framework) que retrata a dinâmica desse evento. Evidenciou-se que a meta-rotina da CTT tem início na detecção de oportunidade em melhorias tecnológicas pelos pesquisadores que dariam início às pesquisas. Os resultados das pesquisas são comunicados aos NITs que passam a iniciar os procedimentos padrões vigentes para a regularização, a proteção, a verificação do potencial de transferência e a busca por parceiros industriais. Confirmou-se, por fim, a proposição inicial da pesquisa.
Os resultados desta pesquisa permitiram algumas contribuições. A primeira delas foi a caracterização da CTT, ou seja, a mesma foi distinguida de outras capacidades e explicitado o que é e do que é formada. A segunda contribuição reside no fato de que a própria mudança de uma capacidade, bem como de seu composto, ocorreu pela indução e influência de fatores organizacionais, principalmente pela intencionalidade dos atores humanos. A elaboração de um framework do funcionamento operacional da CTT em IES públicas brasileiras foi a terceira contribuição.
TEECE, D. J. Explicating dynamics capabilities: the nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, v. 28, p. 1319-1350, 2007. ZOLLO, M.; WINTER, S. Deliberate learning and the evolution of dynamics WANG, G. L.; AHMED, P. K. Dynamic capabilities: a review and research agenda. International Journal of Management Reviews, v. 9, n. 1, p. 31-51, 2007. WILDEN, R.; GUDERGAN, S. P.; NIELSEN, B. B.; LINGS, I. Dynamic capabilities and performance: strategy, structure and environment. Long Range Planning, v. 46, n. 1, p. 72-96, 2013.