Resumo

Título do Artigo

PROPOSTA DE UM MODELO TEÓRICO SOBRE CEGUEIRA DELIBERADA NAS ORGANIZAÇÕES
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Palavras Chave

Ética
Cegueira Deliberada
Organizações

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Roberta Gabriela Basílio
ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING (ESPM) - São Paulo
2 - Talyta Torres
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO (PUCSP) - sao paulo
3 - Luciana Campos Lima
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - São Paulo

Reumo

Discorrer sobre corrupção e fraude no contexto e cotidiano organizacional é uma atividade complexa, e logo, observa-se uma produção acadêmica bastante limitada sobre essa temática (BORINI; GRISI, 2009). Assume-se, que parte das decisões que colocam em risco a organização envolvem incidentes éticos, que mesmo podendo ser evitados, os colaboradores observam a dinâmica organizacional que envolvem atos ilegais ou antiéticos, e optam por, deliberadamente, não se envolverem ou interferirem nas circunstâncias. Tal comportamento omisso e voluntário, é denominado cegueira deliberada.
Esse artigo tem como objetivo principal propor um modelo teórico sobre cegueira deliberada e incidente ético dentro do contexto organizacional. E também, busca-se organizar as diversas teorias envolvidas na temática, proporcionando um modelo de referência para testagem de hipóteses em futuros trabalhos. Assim, questiona-se: o que faz com que uma pessoa se cegue diante de um ato antiético, ainda que não concorde com ele?
Algumas decisões que colocam em risco a gestão da organização envolvem incidentes éticos (EWEJE, WU, 2010), nos quais os colaboradores observam atos ilegais, e optam por não interferirem nas circunstâncias. Assim, busca-se responsabilizar juridicamente a pessoa, que intencionalmente age com desconhecimento diante de uma situação suspeita, assumindo os riscos consequentes de tal ato(MONTEIRO, 2009). Colaboradores podem lidar com dilemas éticos, de acordo com os próprios valores. (BEU;BUCKEY;HARVEY, 2003). Logo, só o código de ética da organização não é suficiente para promover atitudes éticas.
Adotou-se uma abordagem qualitativa de natureza exploratória-descritiva, na qual teve início com a análise pormenorizada dos capítulos do livro Willful Blindness: why we ignore the obvious at our peril. (HEFFERNAN, 2012). A diversidade de temáticas direcionou a busca para fontes secundárias nos diversos campos de estudo. Diante dos 42 artigos levantados aplicou-se um processo de categorização do conteúdo pertinente ao estudo. (BARDIN, 1977). E então, foi possível construir uma matriz, identificando as dimensões dos fenômenos estudados, suas variáveis e os autores de referência.
Na matriz, apresenta-se a frequência em que cada dimensão é citada pelos diversos autores na literatura. As dimensões propostas por este estudo foram categorizadas em: Psicológica, Cognitiva e Social. A frequência baixa de cada dimensão, pode ser devido à escassa literatura encontrada sobre o tema de cegueira deliberada. De todo modo, a dimensão cognitiva tem o maior número de citações de autores (61,90%), seguida da dimensão Social (23,81%), e a de menor índice, a dimensão Psicológica (14,29%).
Como resultados, apresentou-se um modelo multidimensional sobre o comportamento da cegueira deliberada e constatou-se que, relacionado a este fenômeno há o fator incidente ético, como um antecedente e o silêncio nas organizações, como consequente. Incentiva-se novas abordagens interdisciplinares que contribuirão na caracterização das situações cotidianas investigadas de casos de comportamento ilícito e antiético no ambiente corporativo, que possam resultar em ferramentas para investigar e a prevenir tais práticas prejudiciais, a fim de melhorar o desempenho e eficiência da organização.
HEFFERNAN, M. Willful Blindness: why we ignore the obvious at our peril. Canada: Doubleday/Random House, 2012. BEU, D. S.; BUCKLEY, M. R.; HARVEY, M. G. Ethical decision-making: a multidimensional construct. Business Ethics: A European Review. v. 12, n. 1, p. 88-107, 2003.MILLIKEN, F. J.; MORRISON, E.W.; HEWLIN, P.F. An exploratory study of employee silence: issues that employees don’t communicate upward and why. Journal of Management Studies v. 40, n. 6, p. 1453-1476, 2003. VIEIRA, F.G.D. et al. Silêncio e omissão: aspectos da cultura brasileira nas organizações. RAE eletrônica, v. 1, 2002