Resumo

Título do Artigo

A LÍNGUA PORTUGUESA COMO INSTRUMENTO DE ACESSO AO MERCADO DE TRABALHO: IMIGRANTES NO NORTE DE MATO-GROSSO
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Palavras Chave

língua portuguesa
relação de trabalho
. imigrantes

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - Kelly Pellizari
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT) - Cuiabá
2 - Helenice Joviano Roque-Faria
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Brasilia

Reumo

Língua (gem), cultura e identidade são fatores indissociáveis quando se empreende conhecer as produções da humanidade em suas práticas sociais, dentre elas de mobilidade humana. Assim, a proposta deste artigo se pauta em estudiosos como Sá(2016), Amado(2016), Dias (2016) Pimentel, Cotinguiba(2014); Cotinguiba e Pimentel (2015); Silva(2014); Bauman(2005), para citar alguns e conhecer como o processo migratório funda nova forma de significação sobre a realidade pesquisada nas relações de trabalho e aprendizagem da língua portuguesa.
Os imigrantes ao submeterem-se às condições que os interactantes empregadores oferecem torna-se “obrigatoriedade” a aquisição do português como língua de sobrevivência. Neste sentido, algumas questões se colocam: a) Qual(s) sentido(s) emergem na/da relação empregador e empregado? b) como se dá a interação linguística entre os atores sociais pesquisados? Na tentativa de responder a estas questões , este estudo propõe refletir sobre os sentidos da aquisição da língua portuguesa pelos imigrantes, a partir das relações de trabalho em contexto do norte de Mato Grosso/ Brasil
Os fluxos migratórios se intensificaram no mundo e o Brasil não ficou inaccessível a essa dinâmica; segundo Martes (2016) provocando às agendas educacionais debates e (re) conceitualização associados à língua, cultura, identidade, cidadania, dentre outros. Patarra(2005) que aviltra a demanda acentuada cada dia mais e que ultrapassa a ajuda pontuais como informação, acolhimento e emprego. Na realidade existe um “clamor” pelos imigrates para serem inseridos no mercado de trabalho, condições para acessar e usufruir do que é previsto pelos direitos humanos, consoante Sassen (2002); Ramos (2005).
Por meio de uma abordagem de pesquisa qualitativa, perseguiremos os caminhos teóricos metodológicos da Linguística Aplicada e de perspectiva interpretativista, buscaremos compreender como e em qual(s) situação(s) acontece(m) a aquisição da língua portuguesa por imigrantes haitianos, incorporadas às relações de trabalho. Para composição do corpus de análise utilizamos dos diálogos informais, das observações participantes nas visitas técnicas a 02 (duas) residências dos imigrantes entrevistados, da observação participante das pesquisadoras no Curso de Português oferecido pelo IFMT de Sinop-MT.
Muitos imigrantes sem experiência e na ansiedade de firmar-se num espaço que garanta a permanência no país, facilitam as relações de trabalho para os próprios compatriotas, ao os indicarem para o trabalho, mediados pela língua de origem dos trabalhadores. Mesmo que o haitiano sirva na preparação dos pratos, na organização do espaço em que os clientes circulam e que conste no organograma da empresa, são invisíveis. Só terão visibilidade se vencerem a barreira que os colocam à margem. Todos os imigrantes entrevistados fazem questão de evocar o sentido de que, pela língua, podem se sobressair.
A aquisição/aprendizagem da língua portuguesa, na reflexão aqui desenvolvida, é entendida como questão de sobrevivência para o imigrante haitiano, dada sua relevância para que eles acessem emprego, moradia, saúde, educação, dentre outros, figurando como elemento preponderante entre os atores pesquisados. Quando falta o domínio da língua portuguesa, os haitianos intercambiam informações linguísticas sobre ela, no desespero de se fazerem compreender, porque sabem da importância de se comunicarem pela língua aqui falada.
AMADO, Rosane de Sá. O ensino de português para refugiados: caminho para a cidadania. In: Português para falantes de outras línguas: interculturalidade, inclusão social e políticas linguísticas. Rubens Lacerda de Sá(org). Campinas, SP: Pontes Editores, 2016. BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Zahar, 2005. COTINGUIBA, Geraldo Castro; PIMENTEL, Marília Lima. Apontamentos sobre o processo de inserção social dos haitianos em Porto Velho. Travessia–Revista do Migrante, n. 70, p. 99-106, 2012. DUNLOP, Jhon. T. Industrial Relations Systems (ed. revista). Boston: HBS Press.