Resumo

Ao reconhecer que organizações possuem características diferentes, mesmo pertencendo ao mesmo segmento/área de atuação, quando visualizadas sob um escopo de maior amplitude verifica-se que as singularidades são amplificadas. Assim, torna-se significativo a proposição e teste de métricas capazes de auxiliar os interessados em estudar as a mais diversas organizações, seguindo assim o princípio da especificidade das capacidades dinâmicas, como assinalado por Teece, Pisano e Shuen (1997).

Ao serem realizadas pesquisas direcionadas a identificar experimentos científicos associados a desenvolver e/ou testar capacidades dinâmicas específicas para o agronegócio, estas não foram exitosas, suscitando um gap teórico e motivando o desenvolvimento de pesquisas com este cunho. Assim, a presente pesquisa objetiva propor e validar uma escala para mensuração da capacidade dinâmica do agronegócio.

De acordo com Teece (2016) a força das capacidades dinâmicas de uma empresa determina a velocidade e o grau em que os recursos da organização podem ser alinhados e realinhados em direção ao crescimento da organização. Não obstante, entende-se como a capacidade dinâmica do agronegócio como a competência estratégica das organizações, associadas ao segmento do agronegócio, em se moldar as exigências ambientais e projetar-se a resultados superiores aos concorrentes. Ainda, esta capacidade é reconhecida como sendo fomentada pelo aprendizado reciclado continuamente pelos integrantes da organização.

A pesquisa é do tipo quantitativa e a técnica survey. O instrumento para mensuração da capacidade dinâmica do agronegócio, desenvolvido com base na fundamentação teórica, foi aplicado em uma amostra por conveniência de 97 tomadores de decisões de cabanhas de ovinos, de diferentes regiões do País. Para análise dos dados foi realizada a análise fatorial exploratória, considerando os seguintes indicadores: i) comunalidades; ii) medida de adequação da amostra; iii) alfa de Cronbach; iv) teste de esfericidade de Bartlett; v) correlação inter-itens; vi) correlação item-total; e; vii) carga fatorial.

Foi possível verificar que do total de dez indicadores, inicialmente propostos, para mensuração da capacidade dinâmica do agronegócio, seis foram validados estatisticamente. Estes indicadores são convergentes com as pesquisas de Carvalho, Ramos e Lopes (2009), Sampaio, Akahoshi e Lima (2011), Guse, Dörr e Rossato (2013), Fleury e Fleury (2001), Scopel e Costa (2011), Mowday, Steers e Porter (1979), Langevin e Mendoza (2013), Kerin, Varadarajan e, Peterson (1992), Julien (2010), Neely e Hii (1998), Bonelli (1998), Tavares e Gomes (2016), Ruas (2005), Weber e Grisci (2010).

Conclui-se que para a mensuração da capacidade dinâmica do agronegócio o pesquisador e/ou gestor deve atentar para, de maneira macro: i) controle gerencial; ii) competência técnica na área; iii) comprometimento do gestor; iv) expansão do mercado; v) adaptabilidade organizacional; vi) competências coletivas. Ainda, a pesquisa contribui com o avanço de estudos direcionados a formulação de estratégias organizacionais baseados nas capacidades dinâmicas apresentando um novo prisma para a teoria, validado empiricamente em um segmento específico que também poderá beneficiar os tomadores de decisões.

CABRAL, J. E. O.; COELHO, A. F. M.; COELHO, F. J. F.; COSTA, M. P. B. Capabilities, innovation, and overall performance in Brazilian export firms. Revista de Administração Mackenzie, v. 16, n. 3, 2015. TEECE, D. J.; PETERAF, M. A.; LEIH S. Dynamic Capabilities and Organizational Agility: Risk, Uncertainty and Entrepreneurial Management in the Innovation Economy. California Management Review, p. 1-33, 2016. TEECE, D. J.; PISANO, G.; SHUEN, A. Dynamic Capabilities and Strategic Management. Strategic Management Journal, p. 509-533, 1997.