Resumo

O tema da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) tem sido contemplado como pauta relevante das organizações brasileiras contemporâneas. Sob esse contexto, a literatura em Gestão de Pessoas (GP) tem sugerido maior envolvimento da RSE com a Gestão Pessoas (GP), para potencializar os benefícios a serem auferidos por programas de RSE. Não obstante, pouco se sabe acerca do modo como a GP tem se envolvido com a RSE no âmbito das empresas nacionais, em termos de práticas e no que tange aos resultados obtidos.

Wood Jr et al (2011) e Tanure et al (2013) advogam que as práticas de RSE são promovidas pela área de GP, mas pouco se sabe sobre como se configuram essas práticas. Já a revisão da literatura demonstrou que esse tema ainda não foi suficientemente pesquisado no contexto brasileiro. Para preencher essa lacuna, a pesquisa tem como objetivo geral verificar como a GP se envolve com a RSE. Estabeleceram-se como alguns dos objetivos específicos tais como identificar quais são as atividades de RSE promovidas pela área de GP e se existem contradições entre o discurso de RSE e as práticas de GP.

O crescimento econômico não pode ser a única preocupação empresarial, porque lucratividade com responsabilidades começam a fazer parte dos objetivos organizacionais e da maturidade da empresa, sendo necessário que as organizações observem a necessidade de uma postura socioambiental responsável (FISCHER; ALBUQUERQUE; AMORIM, 2011; CAPALDI, 2016; MASOUD, 2017). Sob esse cenário, a área de GP passa a se envolver em termos de práticas, tais como Recrutamento e Seleção, Treinamento; Comunicação; Práticas de Incentivos e Recompensas e Avaliação de desempenho com base na participação em RSE.

Por meio de um estudo exploratório, foram realizadas 22 entrevistas, nas quais consta o depoimento de Gestores de RH representantes de empresas que tem atividades de Responsabilidade Social Empresarial, Funcionários, Professores especialistas sobre o tema e consultores Consultores e dentre eles o responsável pelo Banco de Práticas do Instituto Ethos. Buscou-se após a transcrição, a focalização e a análise das entrevistas para identificação de categorias ou dimensões, que corroboraram a amarração teórica que subsidiou o roteiro de entrevista.

Os depoimentos dos Entrevistados demonstraram que nem sempre é nítido o envolvimento da GP com a RSE. Os dados obtidos nesta pesquisa indicaram que as ações de GP, na integração com as atividades de SER, ainda se manifestam de maneira incipiente. Os entrevistados relataram o modo de atuação da GP na promoção da RSE, de forma distinta. Assim, não se observou uma uniformidade nos discursos. Destaca-se também a percepção de que a GP possuía apenas um papel de “executora” das diretrizes voltadas a RSE.

Portanto, a integração entre a GP e a RSE não parece ser plenamente satisfatória. A GP se envolve parcialmente com a RSE, pois tanto no estudo teórico quanto na pesquisa empírica, observou-se que as capacidades da GP ainda não foram totalmente exploradas. A área de GP tem condições e estrutura para um maior envolvimento com as atividades de RSE, atuando de maneira mais efetiva por meio de suas políticas nas diretrizes da organização, explorando com maior ênfase as alterações comportamentais positivas provenientes da RSE e direcionando práticas específicas para as atividades de RSE.

MASOUD, N. How to win the battle of ideas in corporate social responsibility: the International Pyramid Model of CSR. International Journal of Corporate Social Responsibility, v. 2, n.4, 2-22, 2017. CAPALDI, N. New (Other ?) Directions in Corporate Social Responsibility. International Journal of Corporate Social Responsibility, v. 1, n.4, 2-7, 2016. DEMO, G.; NEIVA, E. R.; NUNES, I.; ROZZETT, K. Human Resources Management Policies and Practices Scale (HRMPPS): exploratory and confirmatory factor analysis. Brazilian Administration Review, v. 9, n. 4, p. 395-420, 2012.