Resumo

Título do Artigo

"DEIXA A VIDA ME LEVAR OU A ESTRATÉGIA ME LEVA?" Análise da composição de estratégias no terceiro setor
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Palavras Chave

Terceiro setor
Estratégia de ONGs
Gestão estratégica

Área

Gestão Socioambiental

Tema

Estratégia e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Alcielis De Paula Neto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) - Departamento de Administração e Ciências Contábeis
2 - Afonso Augusto Teixeira de Freitas de Carvalho Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Campus Viçosa
3 - STELA CRISTANA HOTT CORREA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) - Ciências Sociais Aplicadas/GV

Reumo

Embora suscetível a críticas e a céticos por se tratar em essência da transferência de tecnologia de gestão do setor empresarial para as entidades sociais, não se pode negligenciar o debate dos fundamentos da gestão estratégica no Terceiro Setor. Em anos recentes muitas dessas entidades vinham sofrendo de amadorismo administrativo, ações enviesadas em tentativas-e-erros, improvisações, experientes meramente reativos e baixa diplomacia e poder de negociação. Entretanto, algumas organizações tentaram reverter esse quadro por meio de uma capacitação adequada, tais como os casos aqui apresentados.
Em meios às inquietações que suscitam o debate acerca dos artifícios propostos pelas entidades sociais para o seu manejo organizacional, uma delas diz respeito ao propósito central deste artigo: até que ponto entidades do Terceiro Setor adotam orientações estratégicas consistentes e deliberadas para fins de sustentabilidade e manutenção de suas atividades? Com efeito, o objetivo aqui proposto é o de analisar em que medida as organizações do Terceiro Setor em estudo "orquestram" e desenvolvem estratégias para o cumprimento pleno de suas missões institucionais.
Para tanto, uma revisão de literatura foi promovida na busca da compreensão do conceito de estratégia, do universo do Terceiro Setor e da consorciação destas duas temáticas. Autores como Hudson (1999), Fernandes (1997), Kim e Mauborgne (2005) e Oliveira, Ross e Altimeyer (2005) dentre outros, foram fundamentais no suporte do estado da arte sobre a essência deste estudo. A natureza e a razão de ser das entidades sociais exigem muita sensibilidade em termos de apropriação e enquadramento das ciências administrativas de modo geral.
Metodologicamente, apresenta-se uma análise multicasos de um estudo exploratório-qualitativo acerca de três instituições no Vale do Aço mineiro por meio de entrevistas em profundidade com as principais gestoras e visitas in loco. Os casos são de notoriedade porque as entidades em questão foram capacitadas em gestão estratégica e as mesmas fizerem parte de um programa de profissionalização de entidades. Isso justificou a seleção das mesmas por acessibilidade. A pesquisa bibliográfica e documental, bem como a análise de conteúdo como forma de tratamento dos dados também foram empregadas.
Os dados apurados revelaram que, apesar da noção e do treinamento no manejo estratégico, as ações efetivas em duas entidades ainda são muito intuitivas e reativas em função da natureza do próprio terceiro setor local e da insuficiência de recursos. Estratégias apenas incrementais, modéstia na inovação e criação de valor, além da desatenção à competitividade foram constatados nas entidades 1 e 2. Já na entidade 3 a noção estratégica ganha maior vigor, sobretudo por ser reflexo de um grupo macro que depende da interface com o mercado para subsistir e, portanto, de um estratagema mais resoluto.
Em suma, duas entidades analisadas vão "levando a vida" ainda com incipiência na proposição de estratégias que as impulsione no terceiro setor. Continuam refém do acaso, da tentativa-e-erro e das intermitências mercadológicas. A relação com os financiadores é ainda contingencial e vulnerável a toda sorte de interesses alheios, cooptações e ingerências. Por outro lado, a Entidade 3 revelou avanços significativos em termos de decisões estratégicas sancionadas com critério e deliberadas de maneira mais racional e utilitária possível tentando-se neutralizar as intempestividades.
FERNANDES, R. C. O que é o terceiro setor?. Revista do legislativo, Belo Horizonte, n. 18, p. 26-30, abr./jun. 1997, 1997. HUDSON, M. Administrando organizações do terceiro setor: o desafio de administrar sem receita. São Paulo, Makron Books, 1999. KIM, W. C.; MAUBORGNE. A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. OLIVEIRA, B.; ROSS, E. S.; ALTIMEYER, H. Y. Proposta de um modelo de planejamento estratégico para instituições sem fins lucrativos. Revista da FAE, v. 8, n. 1, p. 69-80, 2005.