Resumo

Título do Artigo

AMBIENTE INSTITUCIONAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA CAFEICULTURA AFRICANA
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Palavras Chave

CAFÉ
SUSTENTABILIDADE
DESENVOLVIMENTO

Área

Gestão Socioambiental

Tema

Responsabilidade Social Corporativa (RSC)

Autores

Nome
1 - Eduardo Cesar Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
2 - Angélica da Silva Azevedo
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras - MG
3 - Luiz Gonzaga de Castro Junior
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia

Reumo

A safra global de café triplicou desde a década de 1960, mas na África houve queda de quase 10% no período. Apesar do declínio, a cafeicultura ainda é uma atividade econômica de grande importância para o continente, com mais de 10 milhões de pessoas envolvidas diretamente. Mesmo com a queda na produção, companhias multinacionais que industrializam o café mostram grande interesse pelos grãos africanos, reputados como de alta qualidade. Essas empresas não apenas compram o produto, como também apoiam os cafeicultores por meio de projetos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC).
A partir do contexto apresentado na introdução, foi proposto o seguinte problema de pesquisa: qual é a relação entre a diminuição da produção africana e o apoio das multinacionais aos cafeicultores do continente? Assim, o objetivo principal do artigo é investigar, em caráter exploratório, as causas da baixa produção de café na África e os determinantes da ação das empresas multinacionais no setor.
A cafeicultura africana foi analisada sob a perspectiva teórica da Nova Economia Institucional, mais especificamente a partir da concepção de ambiente institucional, que é capaz de explicar as causas do desenvolvimento econômico e regional (WILLIAMSON, 1996; NORTH, 1989, 2010; FIANI, 2011; ACEMOGLU, ROBINSON, 2012). As ações das empresas foram analisadas a partir do conceito Responsabilidade Social Corporativa, tal como definida e discutida por diversos autores (CARROL, 1979, 1999; BARON, 2001; DAHLSRUD, 2008; FERNANDES, 2014).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. Para a primeira etapa, análise do ambiente institucional da cafeicultura africana, foram analisadas informações históricas e quantitativas sobre o desenvolvimento da atividade desde a década de 1960. Os países analisados foram Etiópia, Uganda, Costa do Marfim e Angola. Na segunda etapa, foram analisados relatórios corporativos e web sites institucionais de três empresas multinacionais de café industrializado, a saber Nestlé, Starbucks e Jacobs Douwe Egberts. O recorte temporal foi estabelecido entre os anos de 2012 e 2016.
A história recente dos principais países produtores de café da África foi marcada por conflitos violentos e instabilidade institucional. Segundo a Nova Economia Institucional, esse tipo de ambiente compromete o desenvolvimento econômico e pode explicar o declínio da cafeicultura no continente. Assim, as ações de RSC das multinacionais atendem a dois propósitos distintos. O primeiro é o cumprimento das novas demandas sociais do mundo contemporâneo, em que a organização não deveria agir apenas pelo lucro. O segundo compreende a garantia do abastecimento da matéria-prima, o café.
Os dados analisados sugerem uma relação entre o ambiente institucional dos quatro países africanos selecionados e o fraco desempenho da cafeicultura na região, bem como uma relação entre o ambiente institucional e as ações de RSC. A instabilidade política e social, caracterizada por conflitos armados e violações dos direitos humanos, cria condições desfavoráveis ao desenvolvimento econômico. A situação precária dos cafeicultores da região abre margem para ações de RSC das grandes empresas de café, que podem comunicar tais ações aos stakeholders e, também, estimulam a produção local.
CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance. Academy of management review, v. 4, n. 4, p. 497-505, 1979. CARROLL, A. B. Corporate social responsibility evolution of a definitional construct. Business & society, v. 38, n. 3, p. 268-295, 1999. NORTH, D. C. Desempenho econômico através do tempo. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 255, p. 13-30, set./dez. 2010. NORTH, D. C. Institutions and economic growth: an historical introduction, World Development, v.17 n. 9, p. 1319-1332, 1989.