Resumo

Título do Artigo

A ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DA VILA AUTÓDROMO COMO ORGANIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA ÀS REMOÇÕES NA COMUNIDADE
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Palavras Chave

Organizações de Resistência
Remoções
Vila Autódromo

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens e Teorias organizacionais Contemporâneas

Autores

Nome
1 - Gabriela Izabel de Alvarenga
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO (UFRRJ) - Multicampi
2 - Leonardo Vasconcelos Cavalier Darbilly
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO (UFRRJ) - Nova Iguaçu

Reumo

Com os Grandes Eventos, políticas voltadas para o “empresariamento urbano” (HARVEY, 1996) se acentuaram na cidade do Rio de Janeiro.A naturalização dessas políticas é feita por meio do discurso do management.Mas, apesar de sua aparente totalidade,permanece aberta a luta para a desnaturalização desse discurso em suas diversas esferas.Essa luta se dá por meio de processos de resistência que possibilitam o surgimento de organizações contra-hegemônicas.A partir disso, esse estudo apresenta a Associação de Moradores da Vila Autódromo enquanto organização de resistência às remoções na comunidade.
Com o intuito de explorar processos de organização de resistência que tendem a ser ignorados pelo discurso organizacional contemporâneo, este estudo tem como objetivo compreender como a Associação de Moradores da Vila Autódromo atuou enquanto organização de resistência às remoções na comunidade.Este estudo é favorável à desnaturalização do discurso do management nas teorias da Administração.Intenta-se contribuir para os diálogos envolvendo esse tema, questionando como a Associação de Moradores da Vila Autódromo atuou enquanto organização de resistência às remoções na comunidade?
Com o intuito de ir de encontro à visão de mundo do mercado, surgem as práticas de resistências que pensam as organizações não exclusivamente sob a ótica empresarial. Essas práticas têm sido apresentadas de diversas maneiras dentro da Academia (HOLLANDER; EINWOHNER, 2004).Porém, Misoczky (2010) aponta que o tema organizações de resistência ainda tem sido pouco presente nos Estudos Organizacionais.Sendo assim, constata-se que ainda há pouca resposta às práticas alternativas de organizar capazes de transformar a potência do povo em poder, atuando como meio para emancipação.
Nessa pesquisa qualitativa, a coleta de dados foi feita por meio do Plano Popular da Vila Autódromo e de reportagens sobre a Associação de Moradores da comunidade no período de 2007 a 2017. Além disso, foi realizada a entrevista em profundidade com a ex-diretora social da Associação de Moradores.A análise desse material foi feita por meio da análise de conteúdo a partir das seguintes categorias: oposição, ação, reconhecimento e intenção (HOLLANDER; EINWOHNER, 2004); consenso (DUSSEL, 2007); poder do povo (DUSSEL, 2007); e espaço para a aprendizagem (MISOCZKY, 2010).
A partir da análise dos dados, constatou-se que a possibilidade iminente de as remoções acontecerem, com a chegada dos Grandes Eventos à cidade, deu à Associação de Moradores uma importância ainda maior na organização da comunidade. A Associação desenvolveu ações coletivas em oposição às remoções com o reconhecimento de diferentes grupos, demonstrando ser um espaço de aprendizagem em que os moradores por meio dela passaram a se sentir capazes para transformar a realidade, conscientizando-se acerca do poder do povo.
Dentre os elementos de resistência identificados na Associação, estão: as ações que foram desenvolvidas em coletivo, a oposição às estratégias remocionistas, o reconhecimento da luta por meio das ações empregadas e a intenção de que a luta fosse visível por diferentes grupos.Além disso, constatou-se a importância do consenso nas decisões da Associação, que atuou como um espaço de aprendizagem e de poder do povo. Isso porque, apesar da demolição física da Associação, a luta engendrada pela mesma permanece como exemplo para a construção de práticas que visem à emancipação.
DUSSEL, E. 20 Teses de Política. Tradução de Rodrigo Rodrigues. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2007.HARVEY, D. Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação da administração urbana no capitalismo tardio. São Paulo, Espaço e Debates, nº 39, 1996, p. 48-64. HOLLANDER, J. A.; EINWOHNER, R. L. Conceptualizing resistance. Sociological forum, 2004. p. 533-554. MISOCZKY, M. C. Das práticas não-gerencias de organizar à organização para a praxis da libertação. In: MISOCZKY, M. C.; FLORES, R. K.; MORAES, J. (orgs.). Organização e praxis Libertadora. Porto Alegre: Dacasa, 2010.