Resumo

Título do Artigo

SIMPLICIDADE VOLUNTÁRIA E ARMÁRIO-CAPSULA: VALORES E MOTIVAÇÕES NO CONSUMO DE VESTUÁRIO FEMININO
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Palavras Chave

Simplicidade Voluntária
Armário-cápsula
Consumo de vestuário

Área

Marketing e Comportamento do Consumidor

Tema

Consumo, Sociedade e Materialismo

Autores

Nome
1 - Érica Maria Calíope Sobreira
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
2 - Áurio Lúcio Leocádio
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC
3 - PEDRO FELIPE DA COSTA COELHO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria

Reumo

A busca pela satisfação por meio do consumo excessivo vem levando uma parcela da sociedade, paradoxalmente, a ficar insatisfeita com o seu estilo de vida. Grupos de consumidores vêm constituindo movimentos de resistência ao consumo. Neste sentido, a simplicidade voluntária surge como um estilo de vida baseado no baixo consumo, responsabilidade ecológica e autossuficiência. O vestir-se pode ser uma declaração externa de simplicidade. Nesta perspectiva, o conceito do capsule wardrobe (armário-cápsula) vem aliar simplicidade, redução de consumo e estilo de vida no modo de vestir.
Consumidores simplifiers (simplificadores) são aqueles que adotam a simplicidade voluntária buscando reduzir o seu nível de consumo e adotar hábitos de consumo mais simples. A despeito do interesse de consumidoras brasileiras em adotar o armário-cápsula, existe uma lacuna de pesquisa relacionada ao estudo do conceito. Supõe-se que o armário-cápsula está intrinsecamente relacionado ao consumo de vestuário de adeptos da simplicidade voluntária. A pesquisa tem como objetivo analisar os aspectos da simplicidade voluntária no processo de adoção do conceito do armário-cápsula pelo público feminino.
A simplicidade voluntária (SV) influencia padrões de consumo e decisões de compra de seus adeptos. Os valores e motivações da SV são, respectivamente: simplicidade material, escala humana, autodeterminação, consciência ecológica, e crescimento pessoal; foco no self, foco nos relacionamentos, foco na sociedade, e foco na terra. O consumo de vestuário para os simplificadores contraria o fast fashion, caracterizado pela resposta rápida às últimas tendências da moda. O conceito do armário-cápsula engloba uma coleção de roupas sazonais, de alta qualidade, e em quantidade limitada.
A pesquisa é exploratória de caráter qualitativo. Foram realizadas treze entrevistas com adeptas do armário-cápsula, encontradas em grupos do Facebook. O roteiro semiestruturado foi dividido em questões relativas ao estilo de vida de simplicidade voluntária, motivações e o processo de adoção do armário-cápsula, além de questões sobre o perfil demográfico das entrevistadas. A aplicação das entrevistas se deu entre maio e junho de 2017 via Skype ou Facebook. A análise dos dados foi feita através da análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), optando-se pela técnica de análise categorial.
As motivações para a adoção do armário-cápsula foram: autonomia nas decisões de compra em oposição às pressões da indústria da moda e dos amigos; insatisfação com peças que não as representavam; falta de espaço; e necessidade de repensar o consumo. O armário não segue um número de peças e intervalo de tempo fixos. As tendências de consumo das adeptas do AC são semelhantes às dos adeptos da SV. Foram identificados valores da simplicidade voluntária nas adeptas do AC: foco nos relacionamentos; no self; na sociedade; simplicidade material; consciência ecológica.
Foco no self e consciência ecológica foram valores preponderantes para a adoção do armário-cápsula, assim como o valor foco na sociedade. Hábitos de consumo similares aos dos adeptos da SV foram incorporados com a adoção do conceito. Repensar o consumo e se libertar das pressões sociais são motivações que podem levar as entrevistadas a aderir à SV. Os resultados sugerem, ainda, que as adeptas do armário-cápsula apresentam afinidades com outros valores (autodeterminação e escala humana) e visões características dos adeptos do estilo de vidas simples.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Ed. 70. Almedina Brasil, 2011. JOHNSTON, Timothy C.; BURTON, Jay B.. Voluntary simplicity: Definitions and dimensions. Academy Of Marketing Studies Journal, Cullowhee, v. 7, n. 1, p.19-36, nov. 2003. HEGER, Giuliana. The capsule closet phenomenon: A phenomenological study of lived experiences with capsule closets. 2016. 67 f. Tese (Doutorado) - Curso de Fashion Management, The Swedish School Of Textiles - University Of Borås, [s.i.], 2016.