Resumo

As microfranquias vêm crescendo de forma significativa no Brasil. É uma modalidade permite que uma pessoa adquira uma franquia com um investimento inicial comparado ao de uma franquia convencional, despertando o interesse de empreendedores com menor poder aquisitivo. Diversos desafios surgem nesse contexto, um deles é como os franqueadores podem lidar com diferenças entre seus microfranqueados conforme o gênero deles. Microfranqueadas podem ter expectativas e percepções diferentes sobre a franquia, o que requer uma atenção específica por parte desse franqueador.

Considerando os estudos que abordam o empreendedorismo feminino, não há pesquisas até então realizadas abordando a percepção de valor das mulheres empreendedoras quanto ao suporte e marca nas microfranquias. Desse modo, a problemática é descobrir se existe diferença de percepção de valor quanto ao suporte e à marca de microfranquias entre empreendedores femininos e masculinos. Este estudo tem como objetivo comparar a percepção de valor das mulheres e a dos homens empreendedores em relação ao suporte e marca das microfranquias.

Há uma visão distorcida sobre a fragilidade de um negócio administrado por uma mulher, o que gera dificuldades para o empreendimento em decorrência de restrições (MARLOW et al., 2014). Por isso, pode ser que as mulheres precisem de maior apoio e suporte na sua jornada empreendedora. Adicionalmente, as mulheres não medem o sucesso de seu negócio somente pelo lucro (BUTTNER; MOORE, 1997) e valorizam também o status de empresária. Assim, um empreendimento de marca conhecida, com produto ou serviço da microfranquia consolidado, parece trazer uma percepção de prestígio e solidez para ela.

Adotou-se o método de pesquisa quantitativa, na qual a coleta foi realizada por meio da aplicação de um survey com 148 microfranqueados associados à Associação Brasileira de Franchising (ABF) e situados na Região Metropolitana da Grande São Paulo. Por meio da regressão logística analisaram-se quais eram as características de percepção em relação à marca e ao suporte do franqueador que explicavam a diferença entre os diferentes gêneros de microfranqueados.

Os resultados encontrados suportaram parcialmente as hipóteses propostas, indicando que há diferenças entre os gêneros quanto à percepção de valor de suporte recebido. Corrobora-se com as teorias que o papel multifuncional comumente enfrentando pelas empreendedoras as sobrecarrega e faz com que elas deem mais valor ao suporte recebido. Por sua vez, os resultados não apontam diferenças de percepções entre os gêneros quanto à importância do valor da marca da microfranquia.

A grande contribuição teórica que o trabalho traz é que as microfranqueadas valorizam mais o suporte recebido em seus empreendimentos, o que se materializa na figura do franqueador e no suporte recebido dele para o caso das microfranquias. No aspecto gerencial, os resultados mostram para os franqueadores que mulheres tendem a ter maior expectativa de suporte por parte deles, o que os faz ter um entendimento melhor de suas estratégias para atender seus microfranqueados.

BUTTNER, E. H.; MOORE, D. P. Women's organizational exodus to entrepreneurship: self-reported motivations and correlates with success. Journal of Small Business Management, v. 35, n. 1, p. 34-46, 1997. MARLOW, S.; SWAIL, J. Gender, risk and finance: why can't a woman be more like a man? Entrepreneurship & Regional Development, v. 26, n. 1-2, p. 80-96, 2014. MELO, P. L. R.; BORINI, F. M.; CUNHA, J. A. C. Percepções de valor e elementos estruturantes das microfranquias. Revista de Administração Contemporânea, v. 18, n. 3, p. 328-350, 2014.