Resumo

A década de 1990 é marcada pelas políticas educacionais, principalmente aquelas direcionadas para a educação superior, que ganham centralidade na agenda das organizações multilaterais, do governo federal dos distintos países, dos veículos de difusão de conhecimento e da mídia em geral. Neste cenário, o Governo brasileiro investe na estratégia de promover a inovação, modernização, competitividade e inserção internacional do país pela via da Mobilidade Acadêmica Internacional (MAI) com a criação do Programa Ciência sem Fronteiras – CsF.

Esse estudo parte da seguinte questão de pesquisa: quais são as conquistas do referido programa para as Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras a curto prazo? Este artigo objetiva entender a estratégia governamental com o CsF e os resultados acarretados as universidades brasileiras.

O CsF é uma “nova estratégia pública de internacionalização que busca: inovação, modernização e competitividade” e com isso “alcançar maior valor agregado, menor custo, maior volume e qualidade, em especial na produção industrial, mas também nos serviços, com altos padrões tecnológicos. E para obter estas tecnologias é indispensável ter pessoal competente” (Muller, 2013, p. 47). Neste cenário, a internacionalização permanece um desafio, com as devidas ressalvas, autores reconhecessem que esse programa, em seus cinco anos de existência, foi responsável por conquistas as IES brasileiras.

A investigação assume caráter qualitativo-interpretativo e combina recursos das pesquisas bibliográfica e documental. Reuni evidências e argumentos fundamentados em uma análise crítica dos conteúdos publicados sobre a temática em periódicos científicos e documentos oriundos de múltiplas fontes de consulta.

Por meio da análise de categoria no âmbito internacional, evidencia-se que as conquistas do CsF a serem celebradas pelas IES brasileiras a curto prazo estão concentradas na visibilidade internacional, o que trouxe um ganho em termos de marketing. Por exemplo, alcance da posição entre as 200 melhores universidades no mundo nos rankings acadêmicos globais. No âmbito nacional, o programa expôs o ensino brasileiro monolíngue, além de resgatar discussões e políticas para buscar capital linguístico, o que levou ao lançamento do programa Idiomas sem Fronteiras em 2012.

Considera-se que a principal conquista do CsF é a estruturação para o foco internacional das IES brasileiras, embora a descontinuidade desse programa gera um vazio na medida em que não representa correções de rota e sua total desativação. Isso traz consequências sobre o avanço do processo de internacionalização e paralisa a transição para um modo de mobilidade acadêmica ativa, no sentido do aumento da visibilidade internacional e acolhimento de estudantes e pesquisadores forâneos pelas IES brasileiras. Faz-se necessário pensar em estratégias vinculadas à política de Estado e não de governo.

Akkari (2011). Internacionalização das Políticas Educacionais: transformações e desafios. Vozes. Buarque (2015). Relatório de avaliação de políticas públicas: Programa CsF. CAPES, & CNPq. (2016). Painel de Controle do Programa Ciência sem Fronteiras - 2016 IIE. (2016). Open Doors. Lima & Conte (2011). Internacionalização da educação superior: nações ativas, nações passivas e a geopolítica do conhecimento. São Paulo: Alameda. Muller (2013). Ensino superior no Brasil: a caminho de CsF? Vieira & Lima (2015). Academic Ranking-From Its Genesis to Its International Expansion. HES, 5(1), 63-72