Institucionalização do Processo Orçamentário
Práticas Gerenciais em Organizações Públicas
Uso do Orçamento em Organizações Públicas
Área
Administração Pública
Tema
Gestão Organizacional: Governança, Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades
Autores
Nome
1 - Emanuel Junqueira UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - CCJE
2 - Douglas Roriz Caliman FACULDADE CATÓLICA SALESIANA DO ESPÍRITO SANTO - Departamento de Ciências Contábeis
3 - Fábio Frezatti Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - FEA SP
4 - Rosimeire Pimentel Gonzaga Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - São Paulo
Reumo
Ao analisar a perspectiva da institucionalização do orçamento como instrumento de auxílio à gestão, verificou-se a “incidência” de fatores que poderiam contribuir para o impedimento da institucionalização do orçamento com ferramenta de controle gerencial. Dessa forma, a relevância da pesquisa está na percepção de que é possível melhorar o processo orçamentário das organizações por meio do gerenciamento dos seus elementos constitutivos.
A pesquisa teve por objetivo verificar os fatores inibidores da institucionalização do orçamento como prática gerencial em uma Instituição Federal de Ensino Superior – Ifes localizada na região Sudeste do Brasil. O estudo se propõe a responder a seguinte questão de pesquisa: quais os fatores que inibem a institucionalização do orçamento como prática gerencial em uma Instituição Federal de Ensino Superior – Ifes?
Para alcançar o objetivo do estudo, utilizou-se o modelo de análise integrada do processo orçamentário proposto por Frezatti et al. (2010; 2011), na perspectiva da Teoria Institucional de Tolbert e Zucker (1999), demonstrando as categorias de análise e seus respectivos fatores impactantes ao processo orçamentário. Na sequência, foi utilizado o modelo de Huy (2001) dos tipos ideais de mudança planejada com o intuito de compreender os fatores inibidores e estimuladores da institucionalização do processo orçamentário na Ifes.
A pesquisa é um estudo de caso (Yin, 2001), realizado em uma Ifes localizada na região Sudeste do Brasil. O objetivo desta abordagem foi investigar o real significado de discursos e compará-los com os contextos teóricos (documentos) e reais com a utilização dos métodos de análise de conteúdo de Bardin (2004) e de análise crítica de discurso de Fairclough (1995). foram entrevistados 20 atores – técnicos em orçamento, gestores de centro de ensino e pró-reitores, que foram ou estavam envolvidos com o processo orçamentário da organização.
Os resultados indicam a validade do modelo teórico proposto, com a inclusão de dois novos fatores: poder e política. Com relação ao processo orçamentário da Ifes, os resultados indicam que o mesmo não é utilizado pelos gestores como uma prática gerencial de apoio ao processo decisório e que o modelo de gestão adotado acaba inibindo o envolvimento e o comprometimento dos gestores que declararam participar do processo apenas de forma cerimonial. Contribuem para o agravamento do problema o uso político e a “barganha” para o gerenciamento dos recursos disponíveis pela alta administração.
A centralização limita a capacidade de gestão dos diretores dos centros de ensino; há falta de planejamento e integração entre as diversas áreas da organização; há um sistema informal de controle e a da barganha conduz para decisões meramente políticas; a relação entre a alta administração e os seus subordinados não ocorre por mecanismos formais de controle, há maior probabilidade de que hábitos e rotinas informais sejam institucionalizados e seja criado um “poder paralelo”, prejudicando o gerenciamento das diversas atividades da organização e a institucionalização do orçamento.
BURNS, J.; SCAPENS, R. W. 2000. Conceptualizing management accounting change: an institutional framework. Management Accounting Research, 11: 3-25.
FREZATTI, F.; NASCIMENTO, A. R.; JUNQUEIRA, E.; RELVAS, T. R. S. 2011. Processo orçamentário: uma aplicação da análise substantiva com utilização da Grounded Theory. Revista O&S, Salvador, 18(58): 445-466.
HUY, Q. N. 2001. Time, Temporal Capability, and Planned Change. Academy of Management Review, 26(4): 601-623.