Resumo

Título do Artigo

OS ESPAÇOS DAS MULHERES E DAS MULHERES NEGRAS NO MUNDO DO TRABALHO: UMA REFLEXÃO SOBRE GÊNERO E RAÇA NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Gênero
Raça
Estudos Organizacionais

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Josiane Barbosa Gouvêa
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM) - Maringá
2 - Gabriela Renata Rodrigues dos Santos
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - Estudos organizacionais
3 - Maurício Donavan Rodrigues Paniza
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - Curso de Doutorado em Administração de Empresas

Reumo

Gênero e trabalho são temas relevantes na análise organizacional. Isto porque as mulheres experienciam desigualdades sendo construídas como grupo minoritário, o que inclui o trabalho. Porém, não há como falar de gênero sem abordar a questão racial, para a mulher negra as desigualdades são ainda mais perceptíveis. É preciso romper o silêncio que ainda impera e a naturalização da inferioridade de determinados grupos sociais, especialmente no campo da Administração. Quebrar a lógica e conquistar espaços é um movimento importante de resistência que deve ser buscado incansavelmente.
Compreender, como se deu e se mantém a construção social que indica, ainda que por vezes sutilmente, o lugar das mulheres e da mulher negra no contexto do trabalho. Há uma grande distância a ser ainda percorrida no contexto organizacional em relação à presença e posicionamentos de grupos diversos - especialmente aqueles construídos como minoritários.
Nosso embasamento teórico aborda o questionamento da universalidade da identidade feminina tendo por apoio o conceito de identidades contingentes de Judith Butler (1998). Questionar essa universalidade é pertinente porque há dados secundários, que são apontados no trabalho, que indicam que o posicionamento social da mulher é diferenciado quando se interseccionam, além do gênero, raça e classe. Nesse sentido, nosso corpo teórico também apresenta reflexões de pesquisadoras frisando o caráter histórico de marginalidade e exclusão da mulher negra brasileira no mundo do trabalho.
No artigo foram utilizados dois métodos de pesquisa: revisão bibliográfica de estudos sobre a questão racial no Brasil e estudos de gênero e análise de dados secundários de documentos produzidos por institutos de pesquisa como o IPEA, o Instituto Ethos, entre outros.
Foi possível verificar que a segmentação histórica de grupos construídos como dominantes e dominados gera diferenças significativas entre os sujeitos que compõem tais grupos. Falar de gênero é perceber que as mulheres foram historicamente construídas como grupo minoritário e ainda hoje ocupam posições inferiores e, quando nos mesmos cargos, seus rendimentos são significativamente menores do que os dos homens. A situação se acentua ainda mais quando se trata da mulher negra, via de regra relegada a espaços de maior subalternidade, mas que ainda assim resiste no sentido de buscar outros espaços.
Como no Brasil ainda há um mecanismo social de exclusão, como o racismo, mulheres brancas e negras ocupam espaços diferenciados, vivem em mundos diferentes. Embora seja válido ressaltar que, conforme mostram os dados secundários do nosso ensaio, tal mecanismo de exclusão não operou ou opera apenas no que diz respeito à construção do mercado de trabalho ou ao campo empresarial, mas reflete uma fratura macro contextual que representa o abismo social ainda existente entre mulheres brancas e negras em particular e entre brancos e negros, em geral, na própria sociedade brasileira.
Butler, J. (1998). Fundamentos contingentes: o feminismo e a questão do “pós-modernismo. Cadernos Pagu, (11), 11-42. Crenshaw, K. (1991). Mapping the margins: intersecionality, identity politics, and violence against women of color. Stanford Law Review, v. 43, p. 1241-1299, Jul. Schucman, L. V. (2012). Entre o "encardido", o "branco" e o "branquíssimo": raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Instituto de Psicologia da USP, tese de doutorado.