Resumo

Título do Artigo

EXPERIÊNCIA DE FRACASSO E RUMOS PROFISSIONAIS PÓS-FALÊNCIA: fatores de incentivo e bloqueio a uma nova carreira empreendedora
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Palavras Chave

Carreira Empreendedora
Rumos Profissionais
Fracasso

Área

Empreendedorismo

Tema

A figura do Empreendedor: Perfil, Personalidade, Comportamento e Competências

Autores

Nome
1 - Marcelo Henrique Gomes Couto
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
2 - PATRICIA CARVALHO CAMPOS
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Bambuí
3 - Amanda Cristina de Castro
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Curitiba
4 - Ricardo Fernandes Santos
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

Reumo

A prática empreendedora no Brasil tem se consolidado como um importante fator associado à geração de emprego e renda (FGV, 2016) e nesse contexto as MPEs apresentam importante contribuição. Entretanto, ainda são altos os índices de mortalidade precoce no Brasil. Deste modo, torna-se compreensível que o encerramento de atividades de maneira precoce seja um risco relativamente comum ao ambiente de negócios, no qual o empreendedor pode utilizar os aprendizados para se desenvolver (MCGRATH, 1999). No entanto, o insucesso pode ser algo para o qual o empreendedor não está preparado (FLECK, 2009).
Os resultados da experiência de fracasso podem ser complexos. Assim, investigar as experiências obtidas durante a trajetória empreendedora e os rumos profissionais seguidos pode ser importante para uma análise mais sistêmica da problemática que envolve a relação entre o fracasso e os fatores de incentivo ou bloqueio de um novo empreendimento. O objetivo deste artigo foi descrever e analisar a percepção dos empreendedores sobre a experiência empreendedora no contexto de insucesso, de modo a identificar os principais fatores relacionados com a decisão de empreender ou não após o fracasso.
Apesar de comumente associado a um instrumento de aprendizado valioso para jornadas empreendedoras futuras (COPE, 2011), os efeitos da experiência de fracasso podem ser complexos e paradoxais, marcados por turbulências psicológicas, sociais e financeiras (HEINZE, 2013), nas quais uma resposta emocional negativa pode interferir na capacidade para aprender com os eventos acerca desse processo (MCGRATH, 1999) bem como na motivação para a abertura de um novo empreendimento e em tomadas de decisão futuras (MCGRATH, 1999; HEINZE, 2013).
O presente artigo utiliza o método de estudo de caso único integrado de abordagem qualitativa e caráter descritivo. Deste modo, o contexto utilizado para o desenvolvimento do estudo foi o município de Bambuí/MG, cujo caso abordou as MPES que encerraram as suas atividades utilizando os micro e pequenos empreendedores do município de que encerraram as suas atividades como as unidades de análise. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas. Para análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin e análise de frequência simples.
Os resultados da pesquisa sugerem que as percepções e experiências advindas das trajetórias empreendedoras até o encerramento do negócio são variadas e influenciam diretamente nas tomadas de decisão sobre os rumos profissionais pós-falência. Neste sentido, fatores relacionados aos custos financeiros e psicológicos destacaram-se como limitantes de um novo processo empreendedor. Além do aprendizado, elementos relacionados à mentalidade empreendedora do brasileiro, entretanto, funcionaram como fatores de incentivo para movê-los em busca de uma nova oportunidade.
O posicionamento em relação à experiência empreendedora de fracasso foi diretamente influenciado por fatores internos e externos ao empreendedor. Assim, os empreendedores que em sua maioria apresentam uma atitude positiva em relação ao fracasso, utilizam-se deste processo como aprendizado em jornadas empreendedores futuras, a partir da abertura de um novo negócio próprio, ou mesmo como suporte para decisão de não desenvolver um novo empreendimento, frente a uma autoanálise das capacidades e habilidades necessárias, proporcionada pela própria experiência.
COPE, J. Entrepreneurial learning from failure: An interpretative phenomenological analysis. Journal of Business Venturing, 26, p.604-623, 2011. FGV. 10 anos do simples nacional. Cadernos FGV Projetos, n. 29, 2016. FLECK, D. L. Archetypes of organizational success and failure. BAR-Brazilian Administration Review, v. 6, n. 2, p. 78-100, 2009. HEINZE, I. Entrepreneur sense-making of business failure. Small Enterprise Research, 20:1, p.21-39, 2013. MCGRATH, R. G. Falling forward: real options reasoning and entrepreneurial failure. Academy of Managment Review, vol.24, n.1, p.13-30, 199