Resumo

A gestão da diversidade tem por finalidade valorizar as caraterísticas individuais ao passo que elas possam trazer benefícios para o desenvolvimento da organização. Neste sentido está inserido o processo de inclusão. É observada uma grande lacuna nos estudos sob o enfoque da ressocialização. Uma vez que os egressos são considerados um grupo de vulnerabilidade social, os programas de inclusão nas organizações são legítimos para contribuir com a inclusão destes indivíduos na sociedade e possibilitar a redução da própria criminalidade (ALÓS et al., 2014).

Diante da justaposição entre a gestão da diversidade, o panorama do sistema prisional no Brasil e as dificuldades enfrentadas pelos ex-presidiários, este estudo tem por finalidade propor uma agenda de pesquisa com possibilidades de estudo sobre os ex-presidiários dentro da área de Gestão de Pessoas. A agenda também se propõe a explorar o papel das empresas frente à ressocialização. Elas podem assumir um papel crucial ao reconhecer a legitimidade desse processo e proporcionar condições de contratação, contribuindo para a redução da criminalidade e para a promoção da ressocialização.

A diversidade no contexto organizacional é considerada como toda forma de expressão de diferença entre os indivíduos. Não se refere apenas aos grupos discriminados socialmente, mas sim à noção de organização que envolve todos os seus membros respeitando suas características individuais (MOR BARAK, 2017). Para alcançar a inclusão, os egressos são confrontados com uma série de desafios que persistem durante muito tempo. Esse grupo é caracterizado por ter baixa condição financeira, ter pouco suporte social e possuir empregos desvalorizados socialmente (GRAFFAM; SHINKFIELD, 2012).

Como procedimentos metodológicos, esta agenda de pesquisa baseou-se em uma revisão bibliográfica. A literatura foi selecionada por meio de pesquisa em bases de artigos nacionais e internacionais. Os aspectos legais e iniciativas públicas sobre o processo de ressocialização foram identificados por meio de leis e projetos disponíveis nos sites institucionais.

Propõe-se uma agenda de pesquisa direcionada ao egresso do sistema prisional em convergência com as práticas de Gestão de Pessoas, nos seguintes aspectos: gestão da diversidade, trabalho e carreira, responsabilidade social, e o Estado e as organizações. É possível evidenciar de que forma as organizações podem contribuir para o processo mais amplo de ressocialização para reduzir as desigualdades sociais. Como destacado anteriormente, o processo de inclusão costuma ser orientado para grupos marginalizados socialmente, o que confere legitimidade para que o egresso seja considerado neste escopo.

O objetivo deste estudo foi evidenciar o egresso do sistema prisional enquanto sujeito de potencial relevância para pesquisas na área de Gestão de Pessoas. Para tanto, foi proposta a elaboração de uma agenda de pesquisa que possa guiar novos estudos a respeito do papel das organizações frente ao processo de ressocialização dos egressos. Esta agenda de pesquisa tem duplo potencial, tanto fomentar novas pesquisas científicas na área de Gestão de Pessoas voltadas ao egresso do sistema prisional, quanto destacar o papel das organizações frente a este grupo de indivíduos.

ALOS, R. et al. Effects of prison work programmes on the employability of ex-prisoners. European Journal of Criminology, v. 12, n. 1, p. 35–50, 2014. GRAFFAM, J.; SHINKFIELD, A. J. The life conditions of Australian ex-prisoners: an analysis of intrapersonal, subsistence, and support conditions. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, v. 56, n. 6, p. 897–916, 2012. MOR BARAK, M. E. Managing Diversity: Toward a Globally Inclusive Workplace. 4. ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 2017.