Resumo

O atual cenário de intensa urbanização faz com que as cidades sejam cada vez mais pressionadas a aprimorar suas capacidades organizacionais e as inovações em TIC figuram como vetor para a melhoria da ação governamental. A aplicação das TIC nas cidades significa a potencialização de ambientes social e economicamente mais atrativos, onde os atores sociais podem interagir para a estimulação de inovações voltadas ao desenvolvimento e aprimoramento da dinâmica urbana.O conceito de cidade inteligente tem emergido como um caminho para o enfrentamento das questões e restrições colocada às cidades.

No contexto brasileiro, três aspectos merecem consideração: o paradigma baseado em cidades de países desenvolvidos, onde restrições em infraestrutura digital foram vencidas, diferentemente da realidade brasileira; as cidades que se posicionam como inteligentes, como forma de ‘marketing’ político; a indústria de TIC que aponta tecnologias de última geração em detrimento de outras elementares para a gestão pública. A questão colocada está direcionada à quais tecnologias podem habilitar uma cidade como inteligente. O trabalho objetiva propor um modelo avaliativo de TIC aplicáveis à gestão urbana.

A cidade inteligente é a que realiza a implementação de TIC de forma a transformar positivamente os padrões de organização, aprendizagem, gerenciamento da infraestrutura e prestação de serviços públicos, promovendo práticas de gestão urbana mais eficientes em benefício dos atores sociais, resguardadas suas vocações históricas e características culturais. No debate sobre o tema é evidenciado que as TIC são fundamentais para a sua realização. Entretanto, dada a amplitude que envolve o tema, não é trivial determinar quão bem exploradas são essas TIC de forma a entregar os benefícios esperados.

Propõe-se um modelo avaliativo de TIC que se estrutura considerando a cidade inteligente como um sistema principal ao qual se ligam seis subsistemas primários – domínios – e a cada um deles, se ligam seis subsistemas secundários – dimensões -, representando as principais agregações de obrigações e responsabilidades do poder público. O modelo é resolvido por escala de aferiação de funcionalidades de TIC e pela aplicação da teoria das redes complexas. Quatro cidades foram escolhidas para a aplicação do modelo proposto: Barueri, Santos, São Bernardo do Campo e Sorocaba.

Santos apresentou maior proximidade ao modelo proposto, com 57,73% de aderência, seguida por São Bernardo, com 46,39%; Sorocaba, com 39,18%, e; Barueri, com 31,27%. Isso significa que, de acordo com o modelo proposto, Santos é a cidade que mais tem suas TIC prontas para avançar em direção à cidade inteligente. Essa afirmação não implica dizer que as outras cidades não reúnam as condições necessárias em termos de TIC para realizar sua missão, mas que, comparativamente com o modelo, os investimentos e esforços se configuram maiores.

Da aplicação do modelo nas quatro cidades observou-se que os resultados possibilitaram entender como e em que nível as cidades dispõem das TIC para a materialização do conceito de cidade inteligente. O modelo, embora não exaustivo e passível de se constituir como objeto de críticas e futuros estudos, apresentou-se como um instrumento apropriado para a averiguação da prontidão das TIC com vistas à cidade inteligente. O modelo, embora passível de se constituir como objeto de futuros estudos, apresentou-se como útil para a averiguação da prontidão das TIC com vistas à cidade inteligente.

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