Resumo

As empresas familiares apresentam-se como a forma predominante em todo o mundo e têm um caráter peculiar devido aos costumes e a cultura de seus proprietários (GERSICK et al., 1997). O Sistema de Controle Gerencial (SCG) proposto por Simons (1995) no modelo Levers of Control traz elementos chave para interpretar que o uso de fatores organizacionais gera tensão dinâmica entre a inovação criativa e a execução dos objetivos estratégicos. O equilíbrio da tensão dinâmica melhora os objetivos organizacionais, a aprendizagem e a capacidade de inovação (HENRI, 2006; OYADOMARI, 2008; ZHENG et al, 2012)

Os sistemas de controle gerencial constituem o painel gerencial que avalia a relação da estratégia com o desempenho de empresas familiares. Tendo em vista que a influência da família é um fator relevante na gestão das empresas familiares, apresenta-se a questão norteadora do estudo: qual a relação entre a influência da família, os sistemas de controle gerencial e a inovação das indústrias têxteis catarinenses? O objetivo do estudo é verificar as relações entre a influência da família, os sistemas de controle gerencial e a inovação nas indústrias têxteis catarinenses.

Os SCG para Anthony (1965) consistem no conhecimento dos processos e recursos necessários para cumprir os objetivos da organização. Neste contexto, teoricamente, a inovação se concretiza por meio da introdução de novos produtos e serviços, criação de novas formas de organização e exploração de recursos materiais (SCHUMPETER, 1982). Paralelamente, a família pode influenciar um negócio a partir da extensão de sua propriedade, da governança e do envolvimento da gerência, considerações legais, políticas e econômicas associadas ao contexto dos diferentes países (ASTRACHAN; KLEIN; SMYRNIOS, 2002).

A pesquisa caracteriza-se como descritiva quanto aos objetivos, survey quanto aos procedimentos e abordagem quantitativa quanto ao problema de pesquisa. O instrumento de coleta dos dados constituiu-se de um questionário estruturado, com quatro dimensões e 29 variáveis (assertivas), aplicado a uma população de 300 indústrias têxteis que fazem parte da da FIESC (2016). A coleta de dados encerrou-se com 102 questionários validados e representando 34% da população. Os dados foram testados por meio de hipóteses utilizando software PLS 3.0 em Modelagem de Equações Estruturais.

Inicialmente realizou-se o teste Alfa de Crombach apresentando validação para todas as variáveis. Na sequência rodou-se correlação de Fornell e Larcker (1981), percebe-se correlação moderada a forte entre as variáveis da pesquisa, especialmente no sistema de controle gerencial com a tensão dinâmica com 85,8%. Na regressão, quatro hipóteses foram aceitas, demonstrando relação significativa da Influência da Família no SCG (0,506, p<0,01) (H2), o SCG na Tensão Dinâmica (0,923, p<0,05) (H3) e na Inovação (0,383, p<0,01) (H5), e por fim, a Tensão Dinâmica na Inovação (0,283, p<0,01) (H4).

Conclui-se que a Influência da Família apresenta, indiretamente, relação com a inovação quando analisado em empresas familiares, assim como os SCG e a Tensão Dinâmica também influenciam. Os resultados vêm ao encontro dos estudos de Kellermans et al (2012) onde a inovação, como variável de controle interfere no desempenho de empresas familiares. O estudo refuta ainda a proposição de Oro e Lavarda (2017) de que a influência da família é um fator preponderante para a estratégia de inovação na empresa familiar, hipótese esta que foi testada e rejeitada. Ao final, implicações são apresentadas.

ASTRACHAN, J. H.; KLEIN, S. R.; SMYRNIOS, K. X. The F-PEC Scale of family influence: a proposal for solving the definition problem. Family Business Review, v. 15, n. 1, p. 15-45, 2002. HENRI, J. F. Management control systems and strategy: a resource-based perspective. Accounting and Society, v. 31, n. 6, p. 529-58, 2006. SIMONS, R. How new top managers use control systems as levers of strategic renewal. Strategic Management Journal, v. 15, p. 169-189, 1995. ORO, I. M. Interação dos Sistemas de Controle Gerencial com a Estratégia e o Desempenho Organizacional em Empresa Familiar. 2015. 351 p. 2