Resumo

Título do Artigo

Tipificando mercados de acesso: Criação de uma taxonomia das práticas e conceitos da economia do compartilhamento e da economia do acesso
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Palavras Chave

Economia do Compartilhamento
Economia do Acesso
Taxonomia

Área

Marketing e Comportamento do Consumidor

Tema

Consumo, Sociedade e Materialismo

Autores

Nome
1 - Felipe Gerhard
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Jeová Torres Silva Júnior
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Reumo

A perspectiva de uma economia que possui como base o compartilhamento é bastante questionada. Críticas à economia do compartilhamento indicam que não se trata realmente de compartilhar, mas da generalização do acesso, por um curto período de tempo, a um conjunto de itens cuja propriedade é detida por outros consumidores (BARDHI; ECKHARDT, 2012). O elemento norteador seria, como em qualquer outra troca econômica, a maximização individual dos ganhos; ao invés de um valor social extraordinário. Por essa perspectiva, os axiomas centrais da economia tradicional continuam praticamente inalterados
Constatando-se as controvérsias suscitadas pela relação entre a economia colaborativa e a economia do acesso, o presente ensaio guia-se pelas seguintes perguntas de pesquisa: Quais são as propriedades e características que de fato definem e diferenciam cada um desses conceitos? Com base nesses questionamentos, este estudo visa a criação de uma taxonomia capaz de discriminar ao passo que relaciona os dois conceitos. Ademais, serão analisadas as características peculiares, buscando-se o levantamento de aspectos e propriedades sui generis a cada uma dessas práticas de mercado
Embora traços de uma orientação utilitária estejam marcadamente presentes na economia do compartilhamento, alguns dos seus axiomas, como otimização dos recursos pessoais, orientação individualista baseada no autointeresse e felicidade racionalizada e fruto da soma dos prazeres individuais, parece ser questionado. Além dos benefícios econômicos e do júbilo pessoal, as práticas de compartilhar também podem apresentar aspectos tais como a cooperação e a sustentabilidade (BELK, 2014), fatores que certamente fogem às normas de uma conduta inteiramente individualista
Para o alcance dos objetivos do estudo, uma análise taxonômica foi desenvolvida com base no levantamento dos principais aspectos ontológicos e teóricos relacionados aos conceitos de economia do acesso e economia do compartilhamento. Como categorias de análise, foram utilizadas às perspectivas utilitaristas, de Stuart MILL (2005) e antiutilitarista, de Marcel Mauss (2003). A construção das classificações e conceitos, ademais, foram guiadas por uma abordagem pós-estruturalista com enfoque central nas relações ao invés da ênfase excessiva sobre os seus elementos constituintes
A economia do acesso de Bardhi e Eckhardt (2012) é constituída por dois modelos em que se predomina a fundamentação utilitária, quais sejam: Modelos baseados na appficação e Modelos disruptivos. Por outro lado, a economia do compartilhamento suscita novos pressupostos metateóricos. As interações entre os seus agentes são regidas pela contraditória obrigação de retribuir; caracterizando-se, portanto, como uma obrigação desobrigada presente no contínuo ciclo da dádiva (MAUSS, 2003). A economia do compartilhamento se divide em Modelos híbridos e Modelos colaborativos
Foram comparadas duas importantes vertentes ontológicas sobre o mercado atual, discutindo os elementos que aproximam e distinguem a perspectiva da economia do acesso da economia do compartilhamento. Ao passo que a economia do acesso se aproxima ontologicamente da filosofia utilitarista, embasada sobre o individualismo, autointeresse e a autopreservação, verificamos que a economia do compartilhamento teria uma aproximação mais íntima da teoria da dádiva, uma perspectiva mais aberta, menos estruturada e fundada na pluralidade das possibilidades das relações sociais
BARDHI, F.; ECKHARDT, G. M. Access-based consumption: The case of car sharing. Journal of Consumer Research, v. 39, n. 4, p.881-898, 2012. BELK, R. You are what you can access: Sharing and collaborative consumption online. Journal of Business Research, v. 67, n. 8, p. 1595-1600, 2014. MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naif, 2003. MILL, J. S. Utilitarismo. Portugal: Porto Editora, 2005. WHITEHEAD, A. N. Science and the modern world. London: Free Association Books, 1985.