Resumo

Título do Artigo

A bissexualidade (des)organizada: desenhos, estigmas e subversões
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Palavras Chave

bissexual
sexualidade
desenhos

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Henrique Luiz Caproni Neto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD - FACE

Reumo

Este trabalho é relevante ao atentar para estigmas e violências, mesmo aquelas de modo sutil que são reiteradas ou subvertidas, pois a sexualidade se relaciona com as diferenças nas organizações e suas hierarquizações. É interessante enfatizar que no cenário brasileiro há alguns trabalhos que se dedicam à LGBT’s, mas estes geralmente têm se dedicado ao homossexual masculino e poucos às lésbicas e transgêneros. Assim, este artigo é interessante ao abordar questões sociais, subjetivas e laborais de bissexuais, sendo relevante ao proporcionar visibilidade aos bissexuais.
Buscamos no presente trabalho analisar desenhos produzidos por trabalhadores bissexuais de Juiz de Fora, buscando compreender a bissexualidade em suas visões e suas vivências nas organizações e no trabalho. Assim, buscamos compreender aspectos sociais e subjetivos dos bissexuais nas organizações e na sociedade, de que modo podem resistir ou reproduzir as categorizações identitárias e problematizar o binário heterossexual – homossexual. Como é a vivência de bissexuais nas organizações e na sociedade? De que modo podem exercer resistência e problematizar o binário hetero-homo?
O artigo está embasado em uma vertente crítica dos estudos da diversidade. Trazemos alguns apontamentos sobre a diversidade e a sexualidade nas organizações buscando tratar da complexidade da sexualidade investigando a organização da sexualidade, sua categorização, classificação e ordenação hierárquica. Depois, discutimos os estigmas sociais que envolvem a bissexualidade bem como autores que entendem a bissexualidade como possibilidade de evidenciar a mudança da sexualidade tal como uma narrativa e de reproduzir ou subverter o binômio hétero – homo.
Trata-se de um estudo qualitativo com ênfase na subjetividade de trabalhadores bissexuais considerando as estruturas sociais pois buscamos apreciar a realidade a partir desses sujeitos, com o aporte de desenhos realizados pelos mesmos e suas reflexões em torno de tais desenhos, podendo evidenciar conteúdos simbólicos, emocionais e ideológicos em seus discursos. Os sujeitos de pesquisa foram quatro mulheres e dois homens que se identificam como bissexuais com diferentes perfis, residentes de Juiz de Fora.
Notamos que existem diversas formas de vivenciar a bissexualidade, evidenciando a sexualidade como uma narrativa que muda e flui durante a vida mostrando que essa pode ser (des) organizada em prol ou contra o binômio hétero-homo de modo que a sexualidade é também um discurso que vai sendo incorporado nos corpos através de instituições e investimentos emocionais. Notamos que os estigmas associados à bissexualidade estão presentes em seus trabalhos, mas que podem desorganizar a sexualidade e o binário hetero – homo, resistindo seja por meio de uma postura combativa ou pelo silêncio.
Consideramos que pensar, mesmo com a diversidade crítica, as diferenças de uma forma binária pode ser um limitador para nossas pesquisas e para a prática da diversidade nas organizações. Gestores e acadêmicos poderiam ser incentivados a refletir sobre as intersecções entre sexualidade e diversos marcadores sociais como gênero, cor, etnia, corpo, classe, origem geográfica, para, de fato, alcançar a busca de equidade e paridade nas relações de trabalho e, não, um simples discurso de “vamos abraçar as diferenças”.
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