Resumo

Título do Artigo

O Outro Lado do Trabalho por Amor: Indícios da Síndrome de Burnout em Educadores Especiais
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Palavras Chave

Síndrome de burnout
Educadores especiais
Análise de discurso

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Carolina Coletta
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Escola Superior de Agricultura

Reumo

Profissionais que lidam diretamente com outras pessoas em um envolvimento intenso e prolongado, estão mais suscetíveis a sofrerem um desgaste emocional no trabalho, podendo desenvolver a síndrome de burnout (MASLACH; JACKSON, 1981). Dentre esses profissionais, encontram-se os educadores especiais, os quais enfrentam problemas complexos ao trabalharem com pessoas que possuem deficiência no desenvolvimento, o que sobrecarrega este grupo de profissionais (PETKOVIC et al. 2012).
Educadores especiais vivenciam constantemente uma relação de trabalho com envolvimento intenso e prolongado, conforme Maslach e Jackson (1981), com deficientes intelectuais, o que pode levar a um desgaste emocional e possível síndrome de burnout. Assim, indaga-se: há indícios de que educadores especiais de uma instituição específica, como a APAE, possam desenvolver a síndrome de burnout?. O objetivo do artigo é compreender como a percepção de professoras de educação especial sobre o trabalho direto com deficientes intelectuais pode estar associada a manifestações da síndrome de burnout.
Segundo Maslach e Jackson (1981), além da exaustão emocional, a síndrome de burnout está associada à despersonalização e pouca realização pessoal dos profissionais. Para as autoras, infelicidade pessoal e insatisfação em relação às realizações no trabalho também são outro aspecto da síndrome. Takeda et al. (2001) concluíram que a carga de trabalho foi um dos fatores intimamente relacionados à síndrome de burnout em educadores asiáticos. Mallar e Capitão (2004) verificaram que 5,4% de educadores especiais da APAE apresentaram níveis elevados nas
O presente estudo é qualitativo descritivo. Os dados foram coletados por meio de observação direta na APAE de Rio Claro/SP, durante o mês de maio de 2017. Foram acompanhadas as atividades educacionais de oito turmas de crianças, adolescentes e adultos, os quais possuíam diversos tipos de deficiências intelectuais. Após o período de observação direta, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com oito educadoras especiais da instituição e realizou-se uma análise de discurso a partir da transcrição das entrevistas.
Exaustão emocional: cinco educadoras ressaltaram sentir cansaço, frustração e desgaste ao final de um dia de trabalho. Despersonalização: há preocupação das educadoras em relação ao que acontece com os deficientes, oferecendo não só o ensino, mas a amizade e o carinho. Os discursos são positivos em relação sobre o que os alunos representam. Realização pessoal: as educadoras não se vêem realizando outro trabalho, evidenciando uma realização pessoal em relação ao trabalho atual. Porém, há dificuldade no entendimento dos sentimentos dos deficientes, o que pode diminuir a realização pessoal.
Como indícios relativos exaustão emocional, verifica-se que a maioria das entrevistadas relata o cansaço, desgaste e sentimento de ter suas energias sugadas ao final de um dia de trabalho. Sobre a dimensão da despersonalização, não foi possível identificar indícios de respostas negativas, insensíveis e distanciadas das educadoras especiais em relação ao trabalho. A realização pessoal é verificada quando discursos expressam felicidade, satisfação e realização ao final de um dia de trabalho. Verificou-se dificuldade de entender os alunos em algumas situações, o que diminui a realização pessoal.
MALLAR, S. C.; CAPITÃO, C. G. Burnout e hardiness: um estudo de evidência de validade. Psico-USF.v. 9, n. 1, p. 19-29, 2004. MASLACH, C.; JACKSON, S. E. The measurement of experienced burnout. Journal of Occupational Behaviour. v. 2, n. 2, p. 99-113, 1981. PETKOVIC, N. et al. Burnout syndrome among special education professionals. HealthMed. v. 6, n. 10, p 3403-3411, 2012. TAKEDA, F. et al. Relationship between burnout and occupational factors in staff of facilities for mentally retarded children. Journal of Occupational Health. v. 43, p. 173-179, 2001.