Resumo

A pesquisa nacional sobre internacionalização de empresas brasileiras desde a abertura do mercado nacional em 1990 trata o assunto sob os aspectos comportamental e econômico, e eventuais dificuldades durante a integração entre as empresas são analisadas sob o aspecto das culturas organizacional e nacional. Porém, ao se associarem a empresas de países mais desenvolvidos economicamente, via processos de fusão ou aquisição, empresas brasileiras geralmente assumem posição mais fraca nesta associação comercial, que pode revelar a presença de relações de poder típicas de dominação neocolonialista.

O problema de pesquisa apresentado neste ensaio é que a desconsideração dos fatores culturais em fusões e aquisições de empresas brasileiras com empresas estrangeiras ocorre devido à diferença no nível de desenvolvimento econômico e poder político associado às empresas parceiras, denotando a presença de uma postura neocolonialista nos processos de internacionalização de empresas que tem o Brasil como país alvo. O objetivo deste ensaio é lançar uma base teórica que permita analisar a presença do neocolonialismo no processo de aquisição de empresas brasileiras por empresas estrangeiras.

Grande parte das empresas brasileiras realizaram investimento direto no exterior a partir de 1990, impulsionadas pela abertura da economia, privatizações de empresas estatais e desregulamentação dos mercados (CHU; WOOD Jr., 2008). O que se chama de globalização é resultado de um processo de exploração e dominação exercido pela Europa sobre o resto do mundo deste o final do século XV, e traz o termo Neocolonialismo como continuidade do colonialismo ocidental por meios não tradicionais, com dimensões econômicas, políticas e culturais (DUSSEL, 2000; FRENKEL; SHENHAV, 2003; QUIJANO, 2000).

Ensaio teórico.

Ensaio teórico.

Como os processos de internacionalização envolvem alianças entre países de diferentes realidades culturais e socioeconômicas, quando a aliança envolver uma empresa proveniente de um país desenvolvido e uma empresa de um país em desenvolvimento, surge a questão do neocolonialismo, e como esta postura de dominação política, econômica e ideológica não leva em consideração ao que é apresentado pelas teorias que abordam diferenças culturais entre organizações e nações em processos de internacionalização.

CHU, Rebeca Alves; WOOD JR, Thomaz. Cultura Organizacional Brasileira Pós-globalização: global ou local? Rio de Janeiro: Revista de Administração Pública, Set/Out 2008. DUSSEL, E. Europe, Modernity, and Eurocentrism. Nepantla, v. 1, n. 3, p. 465-478, 2000. FRENKEL, M; SHENHAV, Y. From Americanization to colonization: the diffusion of productivity models revisited. Organization Studies, v. 24, n. 9, p. 1537-1561, 2003. QUIJANO, A. Coloniality of power, ethnocentrism, and Latin America. Nepantla, v. 1, n. 3, p. 553-580, 2000.