Resumo

O contexto social está gradativamente mais competitivo e exigente com os profissionais de diferentes áreas. A busca incessante em atingir metas, muitas vezes exorbitantes e irreais, impulsionam o ambiente das organizações. Dessa forma, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional fica cada vez mais difícil, pois quando não há harmonia entre estes dois âmbitos, acaba por prejudicar a qualidade de vida do indivíduo, podendo desencadear a síndrome de burnout.

Alguns estudantes podem desenvolver esgotamento profissional, pois acumulam pelo menos duas atividades, o estudo e o trabalho, portanto a questão do presente estudo é: Há incidência das dimensões da síndrome de burnout em trabalhadores estudantes do ensino superior do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul?”. E como objetivo geral: identificar se as dimensões da síndrome de burnout estão presentes nos trabalhadores estudantes do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Vale ressaltar, que não foi localizado nenhuma pesquisa que retratasse este tema com o foco nos trabalhadores estudantes.

A síndrome de burnout está relacionada ao esgotamento profissional, sendo um distúrbio psíquico retratado na década de 1970 por Freudenberger. O conceito mais aceito na atualidade é o fundamentado por Maslach e colaboradores, sendo formado por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

Classifica-se como uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, do tipo survey. O instrumento utilizado foi o Maslach Burnout Inventory–General Survey (MBI-GS), formado por 16 questões com uma escala Likert de 7 pontos. O instrumento foi aplicado em uma amostra de 226 trabalhadores que estudam em instituições de ensino superior na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e, que desenvolvem atividades de trabalho remunerado. A população estudada foi escolhida a partir de amostra aleatória por conveniência, em vista disso, não probabilística.

Foi identificado que a maioria são indivíduos do sexo feminino (54,87%), com idade de 21 a 35 anos (80,09%) e solteiros (69,47%). Analisando os índices obtidos, na dimensão exaustão emocional, 73,01% da amostra apresentou exaustão emocional em algum dos graus e apenas 2,65% nunca apresentou. Na dimensão cinismo, os resultados demostram que que 48,23% da amostra apresentou cinismo e 26,11% nunca apresentou. Na terceira dimensão, 29,65% da amostra apresentou eficácia no trabalho no nível baixo e médio e 0,00% que nunca apresentou tais sentimentos relacionados a essa dimensão.

Considera-se que a amostra em questão não apresenta a incidência da síndrome de burnout, pois conforme retrata Maslach e Jackson (1986 apud Carlotto e Câmara, 2004) altos escores em exaustão emocional e despersonalização (cinismo) e baixos escores em realização profissional (eficácia no trabalho) indicam alto nível de burnout. Entretanto, vale ressaltar que a amostra apresenta combinações de baixo, médio e alto nível nas dimensões exaustão emocional e cinismo (negativas), revelando que a maior parte da amostra possui a síndrome em desenvolvimento.

BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 4 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. CARLOTTO, M. S.; CÂMARA, S. G. Análise fatorial do Maslach Burnout Inventory (MBI) em uma amostra de professores de instituições particulares. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 3, p. 499-505, 2004.