Resumo

As mudanças nas fontes de receitas dos bancos têm sido amplamente abordadas na literatura, embora ainda não exista um consenso sobre os efeitos gerados na rentabilidade das instituições financeiras (BRIGHI; VENTURELLI, 2015). Conforme Doumpos e Cohen (2014), a literatura científica na área de gestão tem explorado a relação entre eficiência e rentabilidade bancária, pois a eficiência é um potencial fator determinante do desempenho financeiro das instituições.

Diante desse contexto, o presente artigo tem como objetivo investigar a relação entre a eficiência na gestão de custos, mensurada pela SFA, e a rentabilidade das instituições financeiras bancárias no Brasil. Com base na literatura e nas evidências de estudos anteriores, é formulada a hipótese de que instituições mais eficientes na gestão de custos tendem a ter maior rentabilidade. Nessa perspectiva, pretende-se responder à seguinte questão: qual a relação existente entre a eficiência na gestão de custos, mensurada pela SFA, e a rentabilidade das instituições financeiras bancárias no Brasil?

A teoria da intermediação financeira explica que a intermediação é uma atividade produtiva em que as instituições financeiras captam recursos com o propósito de repassá-los por meio de empréstimos (DIAMOND, 1984). A utilização eficiente dos recursos tende a levar à redução dos custos e ao aumento no nível de serviço, agregando valor e podendo representar um aumento da rentabilidade das empresas. Philippon (2015) afirma que a eficiência na gestão dos custos oriundos da operação de intermediação financeira impacta diretamente o desenvolvimento da economia no longo prazo.

Esse estudo utiliza a abordagem de intermediação para a estimação da eficiência na gestão de custos das instituições financeiras, aplicando o método da Análise da Fronteira Estocástica (SFA) modelado com indicadores econômico-financeiros. Para investigar a relação entre eficiência e a rentabilidade, é ajustado um modelo de regressão com dados em painel. A amostra é composta por 47 instituições financeiras, classificadas como banco múltiplo, comercial e Caixa Econômica, e o período analisado compreende os anos de 2008 a 2015.

Diante da aplicação do modelo econométrico, foi identificada a existência da relação estatisticamente significativa entre a eficiência na gestão de custos e a rentabilidade das instituições financeiras, indicando que maiores níveis de eficiência na gestão de custos estão relacionados a maiores níveis de rentabilidade das instituições financeiras. Os sinais obtidos para os coeficientes da variável de investigação e das variáveis de controle corroboraram as expectativas baseadas na literatura científica.

Os resultados obtidos evidenciam que a eficiência na gestão de custos se relaciona de forma direta com a rentabilidade, demonstrando que a eficiência exerce um impacto significativo no retorno sobre os ativos (ROA). Destaca-se que foi possível identificar a magnitude dessa relação: o fato de a instituição financeira obter máxima eficiência estaria associado a um ROA cerca de 1,22% superior ao de uma instituição totalmente ineficiente. Assim, os achados deste estudo indicam que a eficiência na gestão de custos é um fator determinante para melhorar a rentabilidade do sistema bancário brasileiro.

BRIGHI, P.; VENTURELLI, V. How functional and geographic diversification affect bank profitability during the crisis. Finance Research Letters, v.16, p. 1-10, 2015. DIAMOND, D. W. Financial intermediation and delegated monitoring. The Review of Economic Studies, v. 51, n. 3, p. 393-414, 1984. PHILIPPON, T. Has the US finance industry become less efficient? On the theory and measurement of financial intermediation. The American Economic Review, v. 105, n. 4, p. 1408-1438, 2015.