Resumo

O empreendedorismo social é uma temática que emergiu do universo empírico para o universo científico. Sendo que no universo empírico os empreendimentos sociais reconhecidos, e que se têm registro, datam da década de 1960, entretanto o universo científico passou a reconhecer e discutir a temática a partir da década de 1980. Doravante este marco temporal, as discussões sobre empreendedorismo social têm crescido na literatura, mas se entende que não há uma conceituação clara e objetiva para o termo, dificultando para que o universo empírico reconheça e compreenda um empreendimento social.

Há uma linha tênue entre o mundo dos negócios e do ativismo social, portanto é valido ressaltar que o primeiro, muitas vezes, pode ter desencadeado do segundo, este, por sua vez, é visto como uma chave mestra no combate contra as desigualdades sociais, emergindo de um grande problema social e podendo se tornar uma oportunidade de negócio interessante. Por este fato é que se ressalta a importância de um estudo que os diferenciem claramente. O objetivo deste estudo apresentar categorias de análise para empreendimentos sociais, de forma a diferenciá-lo mais clara e objetivamente dos demais termos

Para Oliveira (2004) o empreendedorismo social começa a se manifestar principalmente com o crescimento do Terceiro Setor. Conforme Melo Neto e Fróes (2001), a percepção das necessidades de determinada comunidade, e a busca por apresentar melhorias nas condições de vida dessa comunidade aproximaram o empreendedorismo tradicional das classes sociais menos favorecidas, contribuindo para o surgimento de empreendimentos sociais.

Para o alcance do objetivo proposto, foram realizados alguns procedimentos metodológicos, sendo: i) revisão da literatura a fim de descobrir o que o meio científico vem discutindo acerca da temática; ii) compreensão conceitual do termo empreendedorismo social, bem como a observação de empreendimentos sociais reconhecidos e aceitos pelas comunidades científica e não científica, a fim de encontrar possíveis relações entre ambas; e, iii) reflexão, a partir das lentes da ciência, da configuração dos empreendimentos sociais, com a função de propor categorias de análise.

São apontadas cinco categorias que devem ser observadas e refletidas, de modo que o sujeito analítico consiga enquadrar o empreendimento como sendo um empreendimento social. É importante destacar que estas categorias surgiram a partir da literatura com o objetivo de facilitar a compreensão e análise dos empreendimentos sociais, bem como solidificar e difundir as características deste modelo, sendo: objetivo com que o empreendimento nasceu; plano estratégico do empreendimento; transformação social que gera; objetivo do lucro; capacidade de replicação do empreendimento em outras realidades.

O empreendedorismo social não consegue ter um conceito claro justamente por emergir do empreendedorismo tradicional e, também, por estar presente em empreendimentos de distintas naturezas jurídicas, como por exemplo, Organizações Não Governamentais, Fundações, Associações, Cooperativas, Organizações Privadas, Organizações Públicas de Direito Privado, dentre outras. É por este fato também que as empresas sociais precisam deixar em evidência a transparência em suas ações, uma vez que é possível identificá-la por meio do balanço patrimonial, nos investimentos e etc.

OLIVEIRA, Edson Marques. O empreendedorismo social indutor de auto-organização no enfrentamento das questões sociais e no desenvolvimento integrado e sustentável: notas introdutórias e aproximativas. Informe Gepec, v. 8, n. 1, 2004. MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Gestão de responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro. Qualitymark Editora Ltda, 2004