Resumo

A inovação tem sido reconhecida como um dos fatores que estimulam a competitividade e a performance de países e organizações, e a cultura, especificamente a nacional, corresponde a personalidade coletiva dos membros de uma nação, podendo favorecer ou não, a atividade inovadora.

Com base nisso, este estudo objetivou avaliar a influência da cultura nacional no processo de inovação. A fim de atender a esse objetivo, o estudo utilizou as pontuações relativas ao modelo da cultura nacional de Hofstede e às pontuações atribuídas aos outputs e a taxa de eficiência do processo inovador extraídas do Global Innovation Index (GII), referentes ao período de 2013 a 2016.

Para Hofstede (1980), a cultura nacional caracteriza-se como uma programação mental coletiva que distingue os membros de um grupo para outro. Para Freeman (1995), as influências das instituições no comportamento coletivo podem ser consideradas tanto uma fonte de inércia quanto de ímpeto para os sistemas de inovação. Em função disso, como os aspectos culturais e institucionais conferem singularidades à performance nacional de inovação (CASSIOLATO; LASTRES, 2005), as particularidades culturais de cada sociedade podem influenciar tanto o resultado em inovações (SHANE, 1992).

A pesquisa classifica-se como descritiva, documental e quantitativa, de corte longitudinal, o estudo se baseou em uma amostra composta por 75 países. Os dados foram analisados por meio de múltiplas regressões lineares e dados em painel.

Os resultados evidenciam uma influência parcial das dimensões culturais sobre os outputs em inovação. Dentre as seis dimensões culturais propostas, apenas distância do poder, individualismo, orientação de longo prazo e indulgência, influenciam os resultados. Quanto a relação entre as dimensões culturais e a taxa de inovação, apenas orientação a longo prazo foi estatisticamente significante. Verificou-se ainda, que a influência da cultura nacional sobre a atividade inovadora tem diminuído gradativamente.

Ao contribuir teoricamente com as relações estabelecidas entre as dimensões culturais de Hofstede e os resultados de inovação do GII, espera-se que alargar os conhecimentos científicos a respeito deste tema. Quanto as implicações gerenciais desta pesquisa, os resultados obtidos sugerem que os gestores devem visualizar a cultura como um elemento que sustenta a inovação. Com base nisso, organizações e países que saibam conduzir o processo inovador por meio da gestão assertiva de seus traços culturais nacionais, serão capazes de elevar seu nível de competitividade.

HOFSTEDE, G. Culture and organizations. International Studies of Management & Organization, v. 10, n. 4, p. 15-41, 1980. FREEMAN, C.. The ‘National System of Innovation’in historical perspective. Cambridge Journal of economics, v. 19, n. 1, p. 5-24, 1995. CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M.. Sistemas de inovação e desenvolvimento: as implicações de política. São Paulo em perspectiva, v. 19, n. 1, p. 34-45, 2005. SHANE, S. A. Why do some societies invent more than others?. Journal of Business Venturing, v. 7, n. 1, p. 29-46, 1992.