Resumo

Título do Artigo

Quem constrói a História e Memória das Empresas? Reflexões Iniciais sobre Gestão e Produção de Memória Organizacional.
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Palavras Chave

memória e história empresarial
políticas de gestão de memória
mercado de memórias

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Juliana Molina Binhote
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO) - IAG - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Alessandra de Sá Mello da Costa
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO) - IAG - Departamento de Administração

Reumo

A literatura preconiza que a vantagem competitiva das organizações depende da sua capacidade de aprender a aprender e de dinamizar seus processos e rotinas organizacionais. Essa preocupação tem gerado estudos voltados para a forma pela qual esse conhecimento é gerado, organizado e armazenado. Contemporaneamente, as pesquisas voltam-se, cada vez mais, para o papel desempenhado pela história e pela memória neste processo. No campo prático, cientes desse valor estratégico do papel da história e da memória, cada vez mais as organizações passam a criar e gerenciar os seus espaços de memória.
Assumindo que ainda são poucos os estudos que discutem como informações relacionadas à memória são selecionadas e incorporadas ao sistema de conhecimento da organização e buscando contribuir para aumentar a compreensão acerca das políticas de gestão de memória organizacional (seja para fins de recuperação e disseminação de histórias e memórias, seja para fins de legitimação social e diferenciação no mercado), o objetivo deste estudo é compreender as políticas organizacionais de gestão de memória e identificar as empresas produtoras de história e memória empresarial.
A memória organizacional, foco deste estudo, possui uma diversidade conceitual na literatura. A perspectiva dominante foi preconizada por estudos de memória (organizational memory studies) vinculados a uma visão mais gerencialista, estática e despolitizada acerca da memória. Entretanto, novos estudos e pesquisas na área atentaram ao caráter dinâmico da memória, atribuindo a esta uma visão mais dinâmica, sendo construída socialmente pelos indivíduos e a própria organização (social memory studies e cultural memory studies).
A presente pesquisa configura-se como qualitativa e exploratória-descritiva. Para a construção do corpo de dados, foram utilizadas fontes orais (entrevistas com a sócia fundadora da empresa Tempo&Memória e entrevista com historiador que atuou em uma das empresas identificadas na pesquisa); fontes documentais públicas das empresas (provenientes do site institucional das organizações); e fontes impressas (reportagens em jornais de grande circulação). De forma a embasar e conduzir os protocolos metodológicos requeridos, os dados foram transcritos e analisado por meio de análise de conteúdo.
Foi possível identificar que as organizações contratam empresas especializadas em história empresarial e na produção e organização de documentos. Dentro nicho de mercado de memórias, algumas organizações despontam com o maior número de clientes, tais como: a Griffo; Memória & Identidade; Museu da Pessoa; Solar Pesquisa de História; e Tempo & Memória. Todas estão localizadas no Estado de São Paulo. De acordo com o porfólio apresentado pelas empresas identificadas, podemos concluir que é possível escolher diversas políticas de gestão de memória.
É notório que as organizações estão estrategicamente gerenciando seu passado no seu presente, atuando na forma pela qual será compreendida no futuro. Pode-se identificar uma homogeneidade nas empresas construtoras de memória, com a presença de historiadores em quase todos os quadros organizacionais, contudo, o tratamento feito pelos Centros de Documentação diferenciam-se pela demanda exigida por cada organização contratante a respeito de quais documentos serão/são armazenados.
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