Resumo

Título do Artigo

A REDE SLOW FOOD: CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E ATUAÇÃO NO BRASIL
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Slow Food
Redes
Distribuição geográfica

Área

Turismo e Hospitalidade

Tema

Planejamento e Gestão em Turismo

Autores

Nome
1 - Vander Valduga
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Departamento de Turismo
2 - Grazielle Ueno Maccoppi
-
3 - Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes Minasse
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI (UAM) - Programa de Pós-Graduação em Hospitalidade

Reumo

A partir de meados dos anos 1980, num processo intenso de aceleração do tempo social, internacionalização do capital, alterações de padrões estéticos e de consumo e no frenesi de uma transição da pós-modernidade (LYOTARD 1998; ANDERSON, 1999; HARVEY, 2005), um conjunto de movimentos de contestação toma corpo e passa a enfrentar o discurso da lógica de disseminação de empresas multinacionais. Nesse contexto emerge o Slow Food, que apresenta oportunidades de análise num contexto de atuação em rede em escala nacional e internacional, e é o que se propõe no presente trabalho.
Como se dá a organização do Slow Food em diferentes escalas e quais os seus princípios? O Slow Food apresenta, inicialmente, alguma relação com a Hospitalidade e Turismo? Tem-se como objetivo geral neste trabalho apresentar a rede Slow Food e analisar a sua estrutura organizacional. Pretende-se ainda, especificamente, estabelecer um quadro analítico do ponto de vista organizacional e de funcionamento da rede nas diferentes escalas, sua distribuição geográfica no Brasil e identificar inicialmente possíveis relações com a Hospitalidade e o Turismo.
Existem centenas de redes em distintos âmbitos e arquiteturas no cenário global atual. No entanto, para objetivar no presente trabalho, interessam as características essenciais das redes, sobretudo num contexto dinâmico. Diversos autores abordaram as dinâmicas de redes como Fleury e Fleury (2000); Shirky (2008), Jenkins (2008), Hennenberg et al (2010), Fissurer e Browaeys (2010), Britto, (2002), Kirschbaum (2015). Do ponto de vista do Slow Food (PETRINI; PADOVANI, 2005; ANDREWS, 2008), autores abordam sua atuação em escala internacional, seus projetos e escopo de atuação.
Trata-se de um trabalho bibliográfico, exploratório e qualitativo (GIL, 2008; DENCKER, 2007), com análises a partir dos preceitos teóricos do SF, seus projetos desenvolvidos e sua atuação no Brasil. Para a etapa da análise, consultaram-se documentos oficiais de sítios do SF na internet e realizaram-se levantamentos de caráter qualitativo. Esses dados foram relacionados e analisados à luz da teoria das redes organizacionais, validando-se pela técnica de emparelhamento, isto é, cruzando-se os dados primários com as discussões conceituais (LAVILLE E DIONNE, 1999).
Pelos projetos evidenciados pelo SF, especialmente o Presidia, Terra Madre e a Universidade de Ciências Gastronômicas, a cooperação internacional e a aprendizagem (FLEURY e FLEURY, 2000) são evidenciadas, tanto nas comunidades do alimente (ANDREWS, 2008) quanto na perspectiva dos 47 convênios internacionais da Universidade, e que 11 deles são com instituições brasileiras. Identificou-se uma presença mais significativa nas regiões sudeste e sul do país pelo número de convívios existentes. Não foram identificadas relações com Hospitalidade e Turismo, no entanto, novos estudos devem ser feitos.
Ficou evidente a atuação em rede do SF em distintas escalas, num fluxo local/regional e outro internacional, que se inter-relacionam por meio dos organismos locais (convívios) e as associações nacionais que tem sede. Conforme a literatura de redes e análise, os seguintes elementos foram contemplados: cooperação e ação coletiva; dinâmica de compartilhamento e aprendizagem. Do ponto de vista da atuação em escala nacional, verificou-se que São Paulo exerce centralidade no movimento, pelo número de convívios. Verificou-se uma maior presença de convívios nas regiões sudeste e sul do Brasil.
ANDERSON, P. (1999). As origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. ANDREWS, G. (2008). The Slow Food Story. Politics and Pleasure. London: Pluto Press. BAGNASCO, A. (1999). Desenvolvimento Regional, sociedade local e economia difusa. In: BARQUERO, A. V. (2001). Desenvolvimento endógeno em tempos de globalização. Porto Alegre: UFRGS. BATALHA, M. O. (2004). Sistemas locais de produção de base agroindustrial: definições e propostas para a análise da competitividade. Especialização em Gestão de Agronegócios. Florianópolis: UFSCAR.