Resumo

Título do Artigo

IMPLICAÇÕES DA CONCENTRAÇÃO DE CONTROLE ACIONÁRIO SOBRE O DISCLOSURE SOCIOAMBIENTAL: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS NO BRASIL
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Assimetria de Informação
Disclosure Socioambiental
Concentração de Controle Acionário

Área

Gestão Socioambiental

Tema

Desempenho Social Corporativo (CSP)

Autores

Nome
1 - Dante Baiardo Cavalcante Viana Junior
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
2 - Vicente Lima Crisóstomo
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Depto de Contabilidade/Faculdade de Economia

Reumo

Diversos são os benefícios empresariais quando da divulgação de informações socioambientais, como, por exemplo, a redução do custo de capital e a melhoria da reputação corporativa. A literatura nacional que investiga os determinantes do disclosure socioambiental é extensa, no entanto, percebe-se que os estudos sobre os reflexos da concentração de controle sobre esse tipo de divulgação corporativa são escassos. Nessa discussão, conjectura-se o disclosure de caráter socioambiental como moderador dos benefícios privados que os acionistas controladores detêm em detrimento dos demais acionistas.
Assim, tendo em vista a relevância da temática do disclosure corporativo, bem como de sua possível relação com a estrutura de propriedade das empresas, este estudo levantou como questão de pesquisa: Qual a relação entre o disclosure socioambiental e a concentração acionária das empresas? Dessa forma, adotou-se como objetivo geral investigar a relação entre o disclosure socioambiental e a concentração de controle acionário das empresas brasileiras listadas na Brasil, Bolsa e Balcão – B3.
À luz da Teoria de Agência replicada aos moldes de economias em desenvolvimento (Claessens et al., 2002), delineia-se a relação de agência entre acionistas majoritários e minoritários e seus reflexos no que tange a assimetria de informação entre os agentes (La Porta et al., 2000). Nessa discussão, postula-se uma relação positiva entre a concentração de controle e o disclosure socioambiental, dada uma possível preocupação que os grandes acionistas teriam em relação a imagem e reputação da empresa, muitas vezes associadas à de seus controladores que detêm parcela significativa do poder de voto.
A amostra do estudo abrange 252 empresas listadas na Brasil, Bolsa e Balcão – B3, conforme disponibilidade de informações das companhias na base Economática®. O período de análise compreende os exercícios de 2010 a 2014, compreendendo 1.252 observações ano-empresas. Foram estimados modelos econométricos por Mínimos Quadrados Ordinários, considerando o disclosure socioambiental como variável dependente e a concentração de controle das empresas como variável independente, além da inserção de variáveis de controle apontadas pela literatura como tendo associação com a divulgação socioambiental.
Os achados mostraram que, no geral, o disclosure socioambiental das empresas brasileiras está positivamente correlacionado com sua concentração de controle acionário. Análises adicionais indicam ainda que as empresas com maior rentabilidade, que participam do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e que são classificadas pela atual legislação brasileira como potencialmente poluidoras (Lei nº 10.165/2000), são as empresas que mais divulgam informações de cunho socioambiental em seus relatórios financeiros.
Dessa forma, reforça-se a ideia de que grandes acionistas estão preocupados em divulgar ao mercado informações de natureza socioambiental em relatórios financeiros. A despeito da não exigência legal por esse tipo de divulgação, bem como dos custos associados a este tipo de prática, acionistas detentores de grandes lotes de ações com direito a voto parecem estar preocupados com sua reputação e imagem no mercado – sendo o disclosure um meio de garantirem sua legitimidade em resposta às pressões advindas de um grupo de stakeholders cada vez mais interessados em informações desta natureza.
Claessens, S., Djankov, S., Fan, J. P., & Lang, L. H. (2002). Disentangling the incentive and entrenchment effects of large shareholdings. The Journal of Finance, 57(6), 2741-2771. Esa, E., Zahari, A. R. (2016). Corporate social responsibility: ownership structures, board characteristics and the mediating role of board compensation. Procedia Economics and Finance, 35(1), 35-43. La Porta, R., Lopez‐de‐Silanes, F., Shleifer, A., & Vishny, R. (2000). Investor protection and corporate governance. Journal of Financial Economics, 58(1), 3-27.