Resumo

A economia compartilhada surge como uma alternativa aos modelos de negócio tradicionais, os quais priorizam a posse e a troca monetária entre os envolvidos. No turismo, um dos setores mais impactados por esse fenômeno, novas formas de consumo para viagens têm surgido em função das plataformas peer to peer de compartilhamento. Com princípios como colaboração e conectividade direta entre as pessoas, essas plataformas têm conquistado adeptos no mundo todo, instigando as discussões acerca das motivações que levam as pessoas a utilizarem esses serviços. Concomitantemente, essas plataformas também

Neste contexto contraditório de expansão e resistência, o objetivo deste artigo foi identificar os principais motivos pelos quais as pessoas de naturalidade brasileira não utilizam os serviços das plataformas de acomodação peer to peer, em específico o Airbnb e Couchsurfing. Tem-se, portanto, como problema de pesquisa o seguinte questionamento: Quais os motivos que levam os brasileiros a não utilizarem os serviços de hospedagem oferecidos pelas plataformas de compartilhamento Airbnb e Couchsurfing?

Como fundamentação teórica são apresentados os conceitos relacionados a economia de compartilhada, dando ênfase ao contexto do turismo e aos serviços de hospedagem que se desenvolvem dentro dessa economia. Em seguida são apresentados os desafios para o uso dos serviços de compartilhamento com base nos estudos já desenvolvidos sobre o tema.

Foi realizada uma pesquisa de caráter qualitativo a partir de entrevistas semi-estruturadas com pessoas de naturalidade brasileira que conheciam essas duas plataformas, mas que até o momento não haviam utilizado os seus serviços de acomodação. Depois de feita a transcrição das entrevistas, realizou-se a análise do material verbal coletado com a técnica de análise de conteúdo.

Foram identificadas seis principais motivos para o não uso dos serviços de hospedagem das plataformas: falta de oportunidade, ausência de liberdade ou privacidade, interação social, segurança, idade e comodidade. Os entrevistados foram, em sua maioria, viajantes jovens, com alto grau de escolaridade, rendas familiares consideravelmente altas para os padrões brasileiros e que possuíam o hábito de viajar com frequência.

Além de observar as razões que levam os entrevistados a relutarem na escolha das plataformas compartilhadas para acomodação, pôde-se identificar que a interação social parece contradizer a literatura científica em determinados contextos. Apesar da academia considerá-la como um fator motivacional, a interação social nesta pesquisa foi percebida de forma negativa nas duas plataformas. Questões sobre privacidade e segurança também foram preocupações recorrentes dos entrevistados, havendo uma receptividade maior ao Airbnb do que ao Couchsurfing. Esses achados levam a crer que os aspectos culturais

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