Resumo

A Economia Compartilhada ganha relevância, em meio à crise de 2008 a 2010, com a estabilização de empresas como Uber e Airbnb, principais percursoras de uma nova forma de fazer negócios que, aliada ao intenso desenvolvimento tecnológico e uma mudança na perspectiva e no comportamento dos consumidores, instaura-se como um novo modelo econômico. Segundo Dubois; Schor e (2014) apud Villanova (2015), a economia compartilhada refere-se à reutilização de produtos, proporcionado pelas conexões peer-to-peer, que eliminam intermediários e redesenham modelos de negócios da economia tradicional.

De maneira geral pode-se observar que a maior parte dos trabalhos sobre economia do compartilhamento tratam o assunto sob a perspectiva consumidor. Além disso, ao analisar os estudos realizados, há evidências de que as empresas da economia compartilhada têm um modelo de negócios diferente daquele das empresas que atuam na economia tradicional. Mas, qual seria o modelo de negócios de uma empresa da economia compartilhada sob a perspectiva dos empreendedores? Com isso o presente artigo tem como objetivo analisar o modelo de negócios da economia compartilhada sob a perspectiva dos empreendedores.

A economia compartilhada é uma reconfiguração de práticas já existentes na sociedade, o que é inovador, entretanto, são os modelos de negócio que viabilizam a rápida conexão entre pessoas desconhecidas (SCHOR, 2014). Assim, para entender melhor os conceitos que propõem a existência de uma nova economia, o estudo destacou os principais fatores que impulsionaram seu desenvolvimento: o fator tecnológico, social e econômico. Em relação à teoria de modelo de negócios, apresentou-se as principais definições sobre o construto, dando enfoque à taxonomia proposta por Ostervalder e Pigneur (2010).

O trabalho pautou-se na utilização do método de estudo de casos múltiplos (YIN, 2001) que permite um maior entendimento – responde perguntas do tipo como e porquê. Para coleta das informações, elaborou-se um questionário com 23 perguntas, sendo 18 dissertativas e 5 de múltipla escolha. O questionário foi elaborado com base no modelo Canvas, no conceito de recursos da abordagem “visão baseada em recursos”(BARNEY, 1991), e das atividades estabelecidas na cadeia de valor de Porter (1986). Foram realizadas entrevistas por telefone e e-mail com 3 empresas de Economia Compartilhada.

Para a análise dos resultados, elaborou-se um quadro comparativo com as respostas fornecidas pelas três empresas. O quadro comparativo foi elaborado a partir dos seguintes temas: setor de atuação, segmentação de clientes, canal de distribuição, relacionamento com os clientes, proposta de valor, palavras-chaves, em relação às atividades da empresa, recursos-chave e parceiros-chave. Assim, pôde-se concluir que a maioria dos resultados vai ao encontro do que é apontado pela literatura, com destaque para o fato de que as empresas de economia compartilhada têm menor necessidade de recursos e custos

Os resultados obtidos contribuem com a análise do modelo de negócios das empresas de economia do compartilhamento sob a perspectiva dos empreendedores. De acordo com a literatura, as empresas não tradicionais deveriam focar em redução de custos, mas essa proposta de valor foi apontada por apenas uma das empresas entrevistadas. Os principais elementos indicados foram desempenho e inovação. Para trabalhos futuros, aspectos importantes do cenário institucional podem ser analisados tendo em vista o impacto nos modelos de negócios de empresas da economia compartilhada.

BARNEY, J. Firm Resources and Sustained Competitive Advantage. Journal of Management, 1991. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation. 1st editio ed. [s.l.] John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey, 2010. PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva – Técnicas para análise de indstrias e da concorrência. 18ª Edição. São Paulo-SP: Campus, 1986. SCHOR, J. Debating the Sharing Economy. n. October, 2014. VILLANOVA, A. L. I. Modelos de negócio na economia comartilhada: uma investigação multi-caso. 2015. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001