Resumo

A formação do administrador não deve voltar-se apenas para maior produtividade e lucratividade, mas para a formação de indivíduos críticos e conscientes, que ponderam sobre os impactos sociais e ambientais de suas atitudes e decisões, e agem responsavelmente perante os desafios e oportunidades que a sociedade propõe e impõe. Educar indivíduos além de seus papéis profissionais e gerenciais, dados os desafios que a humanidade enfrenta, representa uma carga de responsabilidade para o ensino da Administração no século XXI, e um convite também para se reinventar (JACOBI et al., 2011).

Pergunta de pesquisa: Qual a atitude e o comportamento dos futuros profissionais de Administração em relação às questões de sustentabilidade? Objetivo: Investigar a atitude e o comportamento pró-ambientais de futuros gestores, hoje estudantes de Administração. Objetivos específicos: a) Investigar a atitude ambiental de estudantes de Administração; b) Investigar o comportamento ambiental de estudantes de Administração; c) Identificar o possível gap existente entre atitudes e comportamentos ambientais, e d) Segmentar os estudantes de Administração quanto ao nível de consciência ambiental.

Atitude é um sentimento, uma pré-disposição em relação a um objeto social. Para a Teoria da Ação Racional, o comportamento é gerado a partir da atitude (FISHBEIN & AJZEN, 1975). Laroche et al. (2002) explicam que parte dos consumidores expressa preocupação com o meio ambiente (atitude) mas não está disposta a assumir mudanças no seu estilo de vida (comportamento), gerando um gap entre atitude e comportamento. Mas, para o desenvolvimento de estratégias e a disseminação da sustentabilidade na empresa, os administradores devem ter alinhados atitudes e comportamentos pró-ambientais.

Pesquisa quantitativa, descritiva, com estudantes de Administração da Universidade Federal do Ceará, melhor universidade do Norte e Nordeste, 10a do país e 3a mais procurada no Sisu 2017. Seu curso de Administração tem nota 5 no ENADE, sendo o 2o mais procurado da UFC. A população é constituída por 865 alunos, e a amostra foi de 269 respondentes. O questionário tem 32 questões, divididas em três blocos: informações sociodemográficas; medidas de atitude (Laroche et al., 2002), e medidas de comportamento (AKATU, 2013). Realização de 27 a 31/05/2017. Tabulação com estatística descritiva.

Os respondentes têm atitude favorável em relação ao meio ambiente: preocupam-se com a gravidade dos problemas ambientais, consideram importante ser ambientalmente corretos, não percebem a responsabilidade das corporações, não consideram inconveniente ser ambientalmente correto e não sentem pressões sociais nem legais. Quanto aos comportamentos, apenas 1,12% (3 estudantes) são classificados como conscientes: 43,49% (117) como iniciantes; 22,68% (61) como engajados e 32,71% (88) são indiferentes às questões ambientais. Esses resultados confirmam o gap existente entre atitude e comportamento.

As atitudes pró-ambientais dos estudantes de Administração da UFC são positivas, porém, a maior parte dos participantes adota poucos dos comportamentos ambientais avialiados, e que aparecem na seguinte ordem de adoção: Economia, Compra Sustentável, Reciclagem e Planejamento. A medida de Planejamento surge como a menos habitual entre os estudantes pesquisados, fato que merece atenção quando considerada a relevância que o planejamento possui para as atividades de profissionais de Administração. Apreende-se a importância da inclusão do tema sustentabilidade nos cursos de Administração.

FISHBEIN, M.; AJZEN I. (1975). Belief, attitude, intention and behavior: An introduction to theory and research. Reading, Massachusetts: AddisonWesley. JACOBI, P. R.; RAULFFLET, E.; ARRUDA, M. P. (2011). Educação para a sustentabilidade nos cursos de administração: reflexão sobre paradigmas e práticas. Rev. Adm. Mackenzie, SP, v. 12, n. 3, p.21-50, maio. LAROCHE, M.; BERGERON, J.; TOMIUK, M.; BARBARO-FORLEO, G. (2002). Cultural diferences in environmental knowledge, atitudes, and behaviors of canadian consumers. Canadian Journal of Administrative Sciences, v. 18, n. 6, p. 267-282.