Resumo

A existência de produtos que satisfazem as mais singulares necessidades torna os atos de comprar, usar, armazenar e descartar corriqueiros. Cada item consumido demanda o emprego de recursos para ser produzido e deixará algum resíduo ao ser rejeitado. As iniciativas que questionam o sistema atual de comercialização trazem à tona a preocupação com as relações sociais e o meio ambiente. Neste contexto, verifica-se uma conjuntura favorável para o mercado de locação de produtos infantis através da lógica do consumo colaborativo, uma vez que o consumismo infantil vem sendo discutido pela sociedade.

Considerando a natureza volátil do interesse das crianças, percebeu-se a oportunidade de desenvolver uma empresa para locação de brinquedos para as mesmas, uma vez que há poucas empresas similares em Porto Alegre, além do Rio Grande do Sul ser o sexto estado brasileiro que mais consome brinquedos (ABRINQ, 2017). O objetivo principal deste trabalho é elaborar um modelo de negócio baseado em hipóteses iniciais. As suposições serão testadas junto aos clientes em potencial, em seguida será desenvolvido um mínimo produto viável (MVP) e, após, será elaborada a versão final do modelo de negócio.

Para embasar a implementação de uma nova empresa no mercado, buscamos elementos referenciais relacionados ao empreendedorismo, seguido da abordagem dos conceitos alusivos ao consumo colaborativo, consultando elementos de modelagem de negócios CANVAS descrito por Alexander Osterwalder e Yves Pigneur; e a sistematização do modelo de Desenvolvimento de Clientes realizada por Steve Blank.

Este trabalho, de abordagem qualitativa, foi realizado através de uma pesquisa aplicada, utilizando dados primários e secundários. Para a coleta de dados primários utilizou-se o enfoque exploratório por meio da realização de entrevistas em profundidade. Foram realizadas vinte e duas entrevistas. Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo. Foi desenvolvida uma landing page a partir do aprendizado adquirido nas entrevistas, potencializando identificação de interessados.

A análise dos resultados foi assim conduzida: foram definidas as hipóteses iniciais da empresa para cada elemento do modelo de negócio CANVAS versão 1.0; depois as hipóteses foram apresentadas a uma mentora que sugeriu melhorias para viabilizar a operação. Em seguida foi construído o modelo de negócio CANVAS versão 2.0 que foi apresentado para clientes em potencial; com base nas entrevistas foi elaborado um MVP de baixa fidelidade para testar o grau de atratividade da proposta. Por fim foi consolidado o modelo de negócio CANVAS versão 3.0 a proposta de valor da empresa e sua operação.

Considera-se que o objetivo principal desta pesquisa foi atingido através da consecução dos objetivos secundários estabelecidos, os quais possibilitaram realizar o ciclo de Descoberta do Cliente do modelo Customer Development. Ao submeter cada versão do CANVAS a testes no mundo real foram gerados insights que permitiram a evolução do Modelo de Negócios. Na primeira versão do modelo, o resultado líquido estimado com a operação era de apenas R$ 3.115,00, a segunda versão apresentou um crescimento de 157% e o crescimento na última versão passou de 184% em relação a versão preliminar.

ALGAR, R. Collaborative Consumption. Leiture Report. Reino Unido, abr. 2007. BLANK, S. Do sonho a realização em 4 passos: estratégias para a criação de empresas de sucesso. São Paulo: Évora, 2012. DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. HISRICH, R.; PETERS, M. Empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2004. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation - Inovação em Modelos de Negócios. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2011.