Resumo

À medida que a realidade empresarial e econômica contemporânea se torna mais complexa, pode ser difícil a definição objetiva das forças que influenciam as organizações em seu ambiente de negócios, em formas mais amplas e não convencionais. Além dos stakeholders tradicionais, todo o quadro torna-se mais complicado pelas entidades que surgiram com o desenvolvimento do espaço eletrônico, ou foram empoderados na nova realidade.

A questão de pesquisa para a qual se buscou a resposta é: Existem novos stakeholders que surgiram ou que foram empoderados no ambiente da Internet que possam afetar o comércio eletrônico? O objetivo do trabalho foi identificar a ocorrência de novos stakeholders ou de stakeholders que foram empoderados com a atuação da organização no ambiente de Internet. Como objetivo secundário, a pesquisa almejou conhecer as características e papeis desses stakeholders.

A pesquisa descreve a Internet pelo enquadramento de Castells (2007, 2013). Introduz a Teoria dos Stakeholders, postulada pelo filósofo R. Edward Freeman (1984), a saliência de stakeholders (MITCHELL, AGLE, WOOD, 1997), a análise de stakeholder (REED et al., 2009, BOAVENTURA, FISCHMANN, 2008), e os níveis de análise e de aplicação da teoria (DONALDSON, PRESTON, 1995). Utiliza Wielki (2006, 2011) para a classificação dos grupos de entidades que operam no ambiente eletrônico.

Foi realizada uma pesquisa qualitativa exploratória, por considerar-se necessário adquirir conhecimento em relação ao impacto da Internet no Ambiente de Negócios e sobre o comportamento dos stakeholders. O instrumento de coleta de dados foi a entrevista em profundidade, semiestruturada, mediante roteiro previamente elaborado e realizada face a face, com dez especialistas da área. A análise das entrevistas foi realizada com a análise de conteúdo, segundo recomendações de Bardin (2011).

Foram realizadas entrevistas com 10 especialistas, as quais foram gravadas com o consentimento dos entrevistados. Após a transcrição das entrevistas, com a análise de conteúdo, foi possível identificar cinco categorias de stakeholders: 1) Organizações Disruptivas: negócios baseados em reputação e comparação de dados; 2) Não Consumidores que Geram Opinião; 3) Digital Influencers; 4) Grupos Ativistas e; 5) Hackers Criminosos.

A análise dos resultados mostrou que o digital influencer não foi considerado um novo stakeholder, mas sim, uma versão de celebridade do espaço cibernético. Não houve consenso sobre o hacker ser ou não um stakeholder. Observou-se a preocupação dos entrevistados com os negócios baseados em reputação e comparação de dados, e também com as pessoas comuns que podem disseminar conteúdos de ódio - os haters - stakeholder nascido na Internet. O estudo revelou também o empoderamento dos grupos de ativistas do terceiro setor.

BOAVENTURA, J. M. G.; FISCHMANN, Adalberto A. Is your vision consistent?: A method for checking, based on scenario concepts. Futures, v. 40, n. 7, p. 597-612, 2008. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. V.1. São Paulo: Paz e Terra, 2007. FREEMAN, R. Edward. Strategic Management: A Stakeholder Approach. Pitman: Boston, 1984. WIELKI, Janusz. A framework of the impact of cyberspace on contemporary organizations. In: Database and Expert Systems Applications, 2006. DEXA'06. 17th International Workshop on. IEEE, 2006.