Resumo

O gerenciamento adequado da cadeia de suprimentos tem sido o diferencial de muitas empresas, no que tange a redução de custos no processo de operação, resultando em maior competitividade ao negócio em que atua. Entretanto, todo o processo de operações, englobando também a cadeia de suprimentos, está exposto a incertezas, sejam geradas pelo ambiente interno, sejam geradas pelo ambiente externo. O resultado dessas incertezas é a exposição aos riscos, que iremos avaliar do ponto de vista dos relatórios de sustentabilidade, através de um estudo multicaso.

A questão analisada com este trabalho foi: de acordo com o grau de evidenciação dos indicadores da vertente ambiental do GRI-G4, dos relatórios de sustentabilidade do ano de 2015, as empresas analisadas estão expostas a riscos ambientais? Face a essa problemática, os objetivos foram analisar o grau de evidenciação dos indicadores da vertente ambiental dos relatórios de sustentabilidade do ano de 2015, a exposição aos riscos ambientais identificados e as ações mitigatórias propostas pelas empresas.

A fundamentação teórica deste trabalho está pautada na Gestão de Riscos e Evidenciação Ambiental, demonstrando seus principais conceitos. Também foi abordada geração do relatório de sustentabilidade pelas empresas e sua importância quanto à amplitude e transparência das informações.

O estudo teve caráter descritivo e abordagem qualitativa. A coleta dos dados foi realizada através de fontes secundárias constantes nos relatórios de sustentabilidade de cada empresa. A amostra foi composta por duas empresas (JBS e BRF) do seguimento de alimentos com atuação no mercado internacional em vários países. A análise dos dados foi realizada com base no relatório Global Reporting Initiative (GRI), das diretrizes para relato de sustentabilidade, em sua quarta versão, tendo em vista evidenciar os indicadores ambientais e o processo de gestão de riscos nas empresas estudadas.

O grau de aderência da JBS ao total de indicadores previstos para a área ambiental no GRI-G4 foi de 55,9%, ou seja, 19 indicadores. Com um GAPIE apurado de 32,4%, já que a metodologia de cálculo considera somente os indicadores com aderência plena. A BRF apresentou o grau de aderência ao total de indicadores previstos para a área ambiental no GRI-G4 de 79,4%, ou seja, 27 indicadores. Com um GAPIE apurado de 73,5%.

Os resultados mostraram que nenhuma das empresas adotaram todos os indicadores do GRI-G4, há baixo a moderado mapeamento dos riscos, e que os riscos evidenciados estiveram relacionados à evitar interrupção do processo produtivo deixando de demonstrar o efeito pós-processo produtivo, ou seja, os efeitos que a produção causa ao meio ambiente. O mapeamento desses riscos e ações mitigatórias, nesse sentido, evitariam um alto impacto em caso de ocorrência. Pode-se inferir que as empresas participantes da pesquisa não evidenciaram as suas informações ambientais com total clareza.

As referências bibliográficas consultadas foram de autores que abordaram o gerenciamento de riscos, artigos científicos que utilizaram a teoria e a relacionaram com o gerenciamento de riscos e evidenciação ambiental. Também foram consultados para o assunto sites especializados, leis e os manuais disponíveis.