Resumo

Título do Artigo

A REPRESENTATIVIDADE DA CHEFIA DE DEPARTAMENTO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho

Palavras Chave

Representatividade
Professor-gestor
Gestão universitária

Área

Administração Pública

Tema

Gestão Organizacional: Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades

Autores

Nome
1 - Daniela de Souza Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Departamento de Administração e Contabilidade
2 - Josiel Lopes Valadares
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Departamento de Administração e Contabilidade
3 - ANTONIO CARLOS BRUNOZI JÚNIOR
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Departamento de Administração e Contabilidade
4 - Poliana de Souza Paes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Viçosa

Reumo

Quando os professores universitários assumem cargos de gestão, eles continuam a exercer suas funções docentes, transformando-se em burocratas híbridos. Quando eleito, o chefe de departamento passa a representar seus pares. Essa representatividade confere ao representante uma legitimidade para tomar decisões em nome dos representados. Os burocratas híbridos, como os professores chefes de departamento, são legitimados pelo voto de seus pares para tomar decisões. Ao mesmo tempo, precisam construir uma legitimidade cotidiana com esses mesmos pares para continuar exercendo suas funções docentes.
A falta de preparação adequada para funções gerenciais é um dos principais desafios enfrentados pelo professor-gestor. Eles precisam conciliar expectativas internas e externas, lidar com conflitos e atender a diversas demandas, cumprindo múltiplos papéis. Nesse sentido surgi a seguinte questão: Ao assumir um cargo de chefia o professor universitário possui legitimidade para representar seus pares? Assim, o objetivo é descrever a forma de representação assumida pelos Chefes de Departamentos de uma Universidade Pública Federal e como eles legitimam sua atuação na gestão universitária.
A teoria da burocracia representativa propõe que a administração pública pode se tornar mais responsiva às necessidades e interesses da população que ela atende (Sowa; Selden, 2003). A representação ativa ocorre quando a burocracia trabalha para atender os interesses do grupo social ao qual pertence. A representação passiva refere-se à composição da burocracia que representa demograficamente os grupos sociais presentes na sociedade (Mosher, 2003). A representatividade simbólica ocorre quando a representação passiva melhora as percepções de legitimidade e melhora os resultados burocráticos.
É uma pesquisa qualitativa com caráter descritivo quanto aos seus objetivos e um estudo de caso em uma Universidade Federal. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturada e através do site institucional da universidade. A entrevista foi realizada por meio eletrônico, com exceção de uma feita de forma presencial, utilizando a plataforma GoogleMeet, com 26 Chefes de Departamentos da Universidade, alcançando a saturação. O período de coleta de dados foi de novembro de 2021 a abril de 2022. Os dados coletados foram submetidos a uma análise de conteúdo.
Dentre as representatividades dos chefes de departamento encontramos tanto a passiva quanto a ativa. A representatividade passiva em relação a gênero e idade, onde os chefes de departamento representam demograficamente os grupos presentes na universidade, onde sua distribuição é proporcional aos demais docentes da instituição. A representação ativa ao atender os interesses do grupo social ao qual pertence, o chefe de departamento representa os interesses dos seus pares. Em relação a legitimação, em geral, os chefes que entendem como legitimação o cumprimento das normas, regras e legislação.
Conclui-se que os burocratas híbridos, chefes de departamento, representam seus pares tanto de forma ativa quanto passiva e legitimam sua atuação na gestão universitária através da tomada de decisão compartilhada via departamento e no cumprimento da legislação e das regras institucionais. Eles são representantes dos seus pares, e apresentam características da burocracia de nível de rua também no seu papel de gestor.
MOSHER, F.C. Democracy and the public service, In: DOLAN, J; ROSENBLOOM, D. H. (eds.). Representative Bureaucracy. Classical readings. London and New York: Routledge, 2003. RICCUCCI, N. M.; VAN RYZIN, G. G. Representative bureaucracy: A lever to enhance social equity, coproduction and democracy. Public Administration Review, 77(1), 21–30. 2017. SOWA, J. E.; SELDEN, S. C. Administrative discretion and active representation: An expansion of the theory of representative bureaucracy. Public Administration Review Vol. 63, No. 6, 2003.