Resumo

Para se combater o racismo é importante diferenciá-lo de outros fenômenos sociais, tais como o preconceito, a discriminação, a exclusão e a segregação. As questões relacionadas a esses fenômenos continuam ser temas de grande relevância e preocupação, pois apesar dos avanços persistem e impactam negativamente toda a sociedade. Estudos apontam o racismo e a discriminação racial como fatores fundamentais na explicação das desigualdades raciais no Brasil. Contudo, pouca atenção tem sido dada a estudos de natureza teórico-empírica que abordem à diferenciação desses fenômenos sociais.

Deste modo, questiona-se: Quais os discursos em torno das concepções teóricas relacionadas ao preconceito, discriminação, exclusão, segregação e racismo contra a população negra? A partir da problemática apresentada, este estudo tem como objetivo compreender os discursos em torno das concepções teóricas relacionadas ao preconceito, discriminação, exclusão, segregação e racismo contra a população negra.

O preconceito influencia as interações de um indivíduo com a sociedade e é identificado como um fenômeno de natureza psicológica, ou seja, está restrito à esfera da consciência e/ou dos sentimentos das pessoas (Allport, 1979), não infringindo diretamente direitos. Enquanto o preconceito é uma questão subjetiva e pessoal, a exclusão, a discriminação e a segregação apresentam aspectos objetivos, ou seja, violam direitos (Baron & Branscombe, 2012; Sawaia, 2001; França, 2017), sendo que o racismo se manifesta na concretização dessas ações (Almeida, 2019).

Este artigo teórico-empírico privilegiou a abordagem qualitativa. A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas, junto a acadêmicos e profissionais do campo da Administração. Empregou-se as seguintes técnicas para análise dos dados: análise de conteúdo, análise descritiva e análise interpretativa. Selecionou-se todos os Programas de Pós-Graduação stricto sensu em Administração das Universidades Públicas do Estado de Santa Catarina, a saber: Universidade do Estado de Santa Catarina, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Regional de Blumenau.

Há um entendimento dos sujeitos quanto as conceções teóricas relacionadas ao preconceito, a discriminação, a exclusão e a segregação. E verifica-se uma dificuldade em delimitar os elementos convergentes e divergentes. Todavia, em relação ao racismo há uma dificuldade em conceituá-lo. Isso demonstra que o assunto não está amplamente discutido, tampouco seja de conhecimento geral. Reforça a perspectiva hegemônica presente na Administração e o interesse por assuntos pertencentes ao mainstream do cânone ocidental.

Entende-se que o preconceito, a discriminação, a discriminação, a segregação e o racismo podem influenciar significativamente as práticas de contratação, promoção, remuneração além de fatores como desempenho, reputação, clima organizacional, retenção de talentos dentro das organizações. Além disso, trata-se também de uma questão de responsabilidade social. Realizar estudos a partir dessas perspectivas é uma forma de promover a o desempenho e a sustentabilidade organizacional bem como a equidade e a justiça social.

Allport, G. W. (1979). The Nature of Prejudice. New York, NY: Basic Books. Almeida, S. L. de. (2019). Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro, Jandaíra. (Feminismos plurais). Baron, R. A., & Branscombe, N. R. (2012). Social psychology (13nd Edition). New York: Pearson. Sawaia, B. (2001). Introdução: Exclusão ou inclusão perversa? In B. Sawaia (Org.), As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social (pp. 7-11). Petrópolis: Vozes. França, D. S. N. (2017). Segregação racial em São Paulo (Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.