Abordagens sociais, cognitivas e comportamentais em Estratégia
Autores
Nome
1 - Bruno Eduardo Slongo Garcia UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Sociais Aplicadas
2 - QUEILA REGINA SOUZA MATITZ UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - PPGADM
Reumo
Este ensaio se insere no campo de aplicações da Teoria Institucional em estudos organizacionais, mais especificamente em pesquisas sobre lógicas institucionais. Embora tenha se tornado comum a aplicação do conceito de lógicas institucionais proposto por Friedland e Alford (1991) nos estudos organizacionais, as pesquisas têm se afastado da dinâmica da sociedade. Tal afirmação pode ser observada nas explicações dada a adoção, mudança e abandono das lógicas institucionais, em que as macrorrelações do contexto institucional são priorizadas.
Diante do exposto, este ensaio tem como objetivo discutir como a recursividade pode ser compreendida nos estudos sobre lógicas institucionais. Esse entendimento avança no conhecimento anterior apresentado nesta introdução, contribuindo para a compreensão de como as lógicas institucionais e a sociedade se relacionam de maneira recursiva a partir da enculturação.
Para compreender a questão da recursividade o neoinstitucionalismo precisou superar a dicotomia entre racionalidade e instituições, voluntarismo e determinismo. Foram elaboradas explicações para a influência da racionalidade sobre o comportamento por meio de um esquema de interpretação do indivíduo, em que as instituições se tornam padrões de referência para a ação individual. As conclusões desta perspectiva é que o ator participa e possibilita a continuidade das instituições na medida em que atendem as necessidades da sociedade.
A recursividade inicia ao interpretar e internalizar os elementos institucionais que incluem símbolos, crenças, valores e as práticas. Esta última pode ser desenvolvida para responder ao contexto institucional a partir da promulgação do material institucional que se encontra internalizado no indivíduo. Uma maneira de compreender a recursividade consiste em observar o desempenho das práticas, as quais possuem material institucional enculturado.
Neste ensaio propomos romper com a visão substancialista que coloca o contexto institucional como uma referência de ações legítimas e imutáveis, isso requer assumir que os atores são responsáveis pela formação do contexto institucional. Para avançar teoricamente, recorremos ao conceito de enculturação, uma abordagem que compreende a ação do indivíduo por meio da internalização, significação e adaptação dos elementos institucionais ao contexto em que vive, promulgando esses elementos em situações específicas.
BERGER, PL; LUCKMANN, T. The Social Construction of Reality: A Treatise in the Sociology of Knowledge. New York: Anchor Books, 1978.
FRIEDLAND, R.; ALFORD, R. R. ‘Bringing society back in: symbols, practices, and institutional contradictions’. In POWELL, W. W. and DIMAGGIO, P. J. (Eds), The New Institutionalism in Organizational Analysis. Chicago, IL: University of Chicago Press, p. 232–66, 1991.
FRIEDLAND, R.; ARJALIÈS, D. L. Putting things in place: Institutional objects and institutional logics. In On practice and institution: New empirical directions. v. 71, p. 45-86.