Resumo

Existe no Brasil um acentuado racismo estrutural que gera bastante resistência à diversidade e à inclusão das minorias representativas nas lideranças organizacionais. Isso ocorre principalmente em relação aos afrodescendentes que representam 54% da população. Nesse contexto, esta pesquisa visa analisar a diversidade racial nas organizações que apoiam publicamente o combate à discriminação e ao preconceito no mercado de trabalho. Busca-se entender até que ponto há coerência nos programas voltados para a diversidade racial.

A pesquisa busca responder a seguinte pergunta-problema: as empresas que se dizem inclusivas realmente aplicam uma política de diversidade como constam nos seus programas? Trata-se de averiguar se existe de fato diversidade racial nas organizações pesquisadas Desse modo, o objetivo principal é identificar as práticas que comprovem a existência das políticas de diversidade racial nas organizações. Para chegar a esse objetivo geral, buscou identificar as metas das políticas de diversidade e inclusão, analisar os programas de inclusão e integração racial e verificar os canais de acesso.

Este artigo trabalhou com as seguintes noções centrais: Diversidade nas organizações e racismo e representatividade. No primeiro item foram utilizadas as teses defendidas por autores como: Maria Teresa Fleury, João Antônio Silva Cardoso, Aaron Myers, Sílvio de Almeida que definem o racismo e depois convergem para a constatação do racismo nas organizações e a consequente exposição dos fatores que explicam o fenômeno, além de listarem as vantagens das políticas de diversidade para as organizações e para o país.

O trabalho é resultado de uma pesquisa empírica em 3 empresas privadas que se inserem nessa categoria. A pesquisa é de natureza qualitativa, com a finalidade de comparar a gestão da diversidade racial sob duas perspectivas: àquelas declaradas pelas organizações que aprecem em seus em seus programas e a dos empregados que estão expostos a essas políticas. A pesquisa foi realizada em organizações que apoiam publicamente a diversidade e a inclusão do empregado negro no mercado de trabalho. Para isso, foram selecionadas três organizações brasileiras que desempenham atividades com fins lucrativos.

Os resultados da pesquisa se deram em cima das entrevistas elaboradas com os mpregados das 3 empresas pesquisadas. Foi analisada uma por uma das perguntas e suas respectivas respostas em cada uma das empresas. As respostas, ilustradas por estratos das próprias falas, foram confrontadas com as ideias dos autores que compõem o referencial teórico deste artigo. As três organizações receberam críticas em relação à vários aspectos, sobretudo em relação aos cargos de liderança e gerenciamento. A diversidade se concentrando nos baixos escalões.

A pesquisa realizada possibilitou identificar as práticas de diversidade e inclusão racial nas organizações que manifestam apoio contra a discriminação e o preconceito no mercado de trabalho. Assim, foi possível analisar o compromisso das organizações em tentar efetuar as mudanças a nível estratégico e ideológico, já que suas antigas políticas de diversidade insistiam em manter os trabalhadores negros em cargos mais próximos dos operacionais e mais distantes dos cargos de liderança.

ALMEIDA, Sílvio Luiz de. O que é racismo estrutural? 1ª. Ed. Belo Horizonte/MG: Letramento, 2018. ALVES, Mario Aquino; GALEÃO-SILVA, Luis Guilherme. A crítica da gestão da diversidade nas organizações. Revista de Administração de Empresas, v. 44, p. 20-29, 2004. BRANDÃO, Yago; ANDRADE, Beatriz; MOREIRA, Beatriz; CARNEIRO, Laura; BEZERRA, Glícia. A Representação de Minorias Sociais e Suas Identidades na Publicidade Brasileira. Universidade Federal do Ceará, Ceará, 2019. FLEURY, Maria Tereza Leme. Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras. Revista de Administração