Evasão militar
Perfil profissional
Revisão integrativa
Área
Gestão de Pessoas
Tema
Carreira de Pessoas e Organizações
Autores
Nome
1 - Daniele Guimarães Diniz UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
2 - Luiz Henrique de Barros Vilas Boas UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - DAE
3 - JÚLIO CÉSAR MENDES DE SOUZA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS (IFSEMG) - Barbacena
Reumo
A evasão voluntária de militares de carreira das forças singulares brasileiras tem impactado o perfil de comprometimento de seus membros a longo prazo. As forças armadas reconhecem a necessidade do desenvolvimento de capacidades militares para cumprir sua missão, sendo o fator humano e sua retenção uma prioridade que ocupa o centro desta transição. Nesse contexto, a literatura aponta para o surgimento de um novo perfil de profissional militar para o qual não é mais pertinente o entendimento de que são seres apassivados diante de um jogo de poder, no qual cabe a eles apenas executar.
Tendo em vista o aumento dos índices de evasão voluntária de militares das forças armadas brasileiras ocupantes de cargos efetivos nos últimos cinco anos, esta revisão integrativa objetivou identificar o estado atual da literatura sobre a evasão voluntária de militares no Brasil e no mundo. Diante do problema de pesquisa delimitado e da visão de futuro das forças armadas, este artigo de revisão se delimitou em torno da pergunta central: como a evasão voluntária de profissionais tem sido abordada em estudos organizacionais e quais os indícios deste novo perfil de profissional militar?
O modelo de retenção de pessoas baseado na assimilação da cultura organizacional de forma plena e inquestionável e exemplificam que a socialização militar é um exemplo deste. Entretanto, esta abordagem de influência unidimensional, contrasta com os paradigmas emergentes de gestão. Profissionais são atores sob estado de tensão, podem optar entre ceder, ou seja alinhar sua identidade ao ideal institucional ; ou ao resistir, romper com a instituição, licenciando-se do serviço ativo, ou, ainda, permanecer nela com baixo nível de comprometimento e elevados níveis de intenção de evasão.
Observa-se que as organizações militares operam sob a lógica da racionalidade instrumental, consolidada por meio de sua cultura organizacional, apostando no processo de plena socialização em que outsiders, ao ingressarem na instituição, renunciam sua própria identidade e se revestem de uma nova identidade totalmente alinhada aos valores e crenças tradicionais militares. Todavia, a revisão empreendida evidencia que a lógica atual, tem gerado um movimento de ruptura e uma fraca identificação com a organização. Além disso, apesar da sua importância, a literatura sobre o tema é escassa.
Este estudo propõe como agendas de pesquisas futuras a compreensão do novo perfil de profissional militar que parece emergir como resultado de uma identidade profissional que também se alinha à racionalidade substantiva e comunicativa, na qual um indivíduo, no contexto institucional, não se despe de suas individualidades e convicções pessoais. Defende-se que o alinhamento dos processos de gestão às características inerentes à identidade profissional substantiva e comunicativa de seus integrantes sustentará o movimento de continuidade que se embasa em perfis de maior comprometimento.
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