Relação Governo-Sociedade: Transparência, Accountability e Participação
Autores
Nome
1 - Ewerton Cabral Montenegro UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG) - Unidade Acadêmica de Administração e Contabilidade
2 - Patrícia Trindade Caldas UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG) - Unidade Acadêmica de Administração e Contabilidade - UAAC
3 - KLIVER LAMARTHINE ALVES CONFESSOR UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG) - PPGA/UAAC
Reumo
Qualquer indivíduo pode exercer a cidadania no seu cotidiano, contudo, pela evolução do papel na sociedade, os voluntários atrelados ao Terceiro Setor tendem a ter um maior desempenho cidadão a nível individual que os não voluntários, mesmo que estes sejam servidores públicos (Primeiro Setor), igualmente próximos e envolvidos com questões sociais e coletivas. Também se sugere que os não voluntários vinculados ao setor privado (Segundo Setor) sejam os menos propensos as práticas de cidadania por estarem mais voltados a valores e preocupações mais individuais e mercantilistas.
Problema: quais as diferenças de desempenho nas práticas de cidadania desenvolvidas por voluntários e não voluntários vinculados aos três setores da sociedade?
Objetivo: investigar as diferenças de desempenho nas práticas de cidadania desenvolvidas por voluntários e não voluntários vinculados aos três setores da sociedade.
Para Marshall (1967), a igualdade de participação na sociedade pode ser compatível com as desigualdades embutidas na estrutura de classes no capitalismo via igualdade jurídica, por meio dos direitos e deveres civis, sociais e políticos. Segundo Caldas e Cavalcante (2023), a cidadania é um construto complexo, multidimensional e volátil no tempo e espaço, mas que a nível individual, no cotidiano das pessoas, pode ser exercida a partir de práticas de cidadania. Todos somos responsáveis pelo coletivo, mas o voluntariado acaba sendo uma dimensão da cidadania (Bezjak e Klemenčič, 2014).
Optou-se por uma pesquisa quantitativa, via survey com 164 sujeitos de pesquisa, dentre voluntários versus não voluntários servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada. O instrumento de coleta de dados utilizou a escala (Caldas & Cavalcante, 2023), com práticas de cidadania em 4 dimensões: civis, políticas, sociais e ambientais. Utilizou-se estatística descritiva e inferencial via teste de hipoteses Mann-Whitney manipulado no software SPSS.
Todas as três hipóteses foram confirmadas, tendo os voluntários maior desempenho cidadão. Os não voluntários servidores públicos ficaram em segundo lugar, mas com relações interessantes com a cidadania. Por fim, os trabalhadores da iniciativa privada tiveram o pior desempenho cidadão. Em relação as dimensões da cidadania, as práticas de cidadania ambientais foram as que tiveram mais ações e interesse dos grupos analisados, enquanto as práticas políticas foram as que tiveram pior desempenho nos três grupos analisados.
Os resultados evidenciaram a influência positiva do voluntariado no fortalecimento da cidadania, a nível individual, destacando sua relevância na promoção da participação ativa dos indivíduos em questões civis, sociais, políticas e ambientais. Além disso, a superioridade de desempenho nas práticas cidadãs entre os servidores públicos, fornecer subsídios para a implementação de programas de incentivo voltados para este grupo. A disparidade no engajamento das práticas de cidadania entre os setores público e privado ressalta a importância da colaboração intersetorial para a promoção da cidadania
Bezjak, S., & Klemenčič, E. (2014). Learning active citizenship through volunteering in compulsory basic education in Slovenia. Traditiones, 43(3), 51-65.
Caldas, P.T. & Cavalcante, C.E. (2023). Praticando a cidadania: criação e validação de uma escala de mensuração. Cadernos EBAPE.BR, 21(4), e2022–0132.
De Bie, M., & Roose, R. (2016). Voluntarism and Citizenship: A Response to Lena Dominelli. Foundations of Science, 21, 399-403.
Marshall, T.H. (1967). Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.