Resumo

Além de seu potencial para o desenvolvimento social, as Organizações da Sociedade Civil Sem Fins Lucrativos (OSCs) podem subsidiar o desenvolvimento de competências coletivas por meio dos arranjos organizacionais que possibilitam interação entre seus membros e os diferentes stakeholders, criando um contexto favorável à aprendizagem sócio prática. A noção de competência coletiva é encontrada nos níveis organizacional e funcional, estando associada às atividades da organização como um todo, assim como às atitudes de suas áreas ou funções específicas (Lima; Silva, 2015).

Pelas OSC atuarem em diferentes dimensões, observa-se que na dimensão educação, além das escolas tradicionais, podem ser encontrados outros modelos organizacionais voltados para o ensino-aprendizagem de jovens e adultos. Este é o caso das Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), que, promovem formação integral, articulada à produção sustentável, com finalidades educativas. Assim, este estudo tem como objetivo analisar a contribuição de uma Associação Escola Família Agrícola, praticante da Pedagogia da Alternância, para o desenvolvimento de competências coletivas e de inovações sociais.

O estudo foi fundamentando em pesquisas sobre as temáticas inovação social, competências coletivas e pedagogia da alternância. Cabe destacar a contribuição de autores como Lévesque (2006), Mulgan (2007), Rodrigues (2007), Monteiro (2019), Bignetti (2011) e Sandri et al. (2020) para a temática inovação social; Tello-Gamarra e Verschoore (2015), Silva e Ruas (2016), Macke e Crespi (2016) e Silva et al. (2021) para a temática competências coletivas; e, Teixeira et al. (2008), Jesus (2011) e Nosella (2020) para a temática pedagogia da alternância.

Para compreender as práticas da Associação Escola Família Agrícola, localizada no estado de Minas Gerais, os dados foram obtidos por meio de observação direta e entrevistas semiestruturadas com sete informantes-chave. Os resultados foram analisados por meio de análise do conteúdo.

A pedagogia utilizada pela EFA diverge das tradicionais praticadas por escolas locais. Diante da complexidade para a gestão da Associação, foi demandado da equipe o desenvolvimento de competências que possibilitassem a superação dos diversos desafios enfrentados. Assim, competências coletivas como proatividade da equipe, cooperação e conhecimento compartilhado foram fundamentais para o desenvolvimento de ações socialmente inovadoras. Por outro lado, as interações resultantes destas práticas se tornaram profícuas ao desenvolvimento ou aperfeiçoamento de competências coletivas.

Além da gestão escolar diferenciada, a pedagogia de ensino-aprendizagem utilizada diverge do modelo tradicional praticado pelas escolas públicas e privadas da região. Com ela, tornou-se possível a alternância entre diferentes contextos de aprendizagem, familiar e de classe, associando a teoria à prática. Com esta prática pedagógica foram desenvolvidos projetos profissionais que resultaram no desenvolvimento de alguns produtos e no aperfeiçoamento de práticas agrícolas, impactando, na visão dos entrevistados, na ampliação e melhoria da produtividade de algumas famílias residentes no campo.

André, Isabel; Abreu, Alexandre. Dimensões e espaços da inovação social. Finisterra. v. 41, n. 81, p. 121-141, 2006. Bignetti, Luiz Paulo. As inovações Sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de pesquisa. Ciências Sociais Unisinos, v. 47, n. 1, p. 3-14, 2011. Correia, Suzanne É. N. et al. As organizações da sociedade civil e suas relações interinstitucionais nas inovações sociais. Gestão e Regionalidade, v. 38, n. 114, p. 287-306, 2022. Da silva, Karin da V.; Pacheco, Anderson S. V. Gestão social e inovação social organizacional: convergências e divergências teóricas.