Estresse ocupacional
Burnout
Tecnologia da informação
Área
Gestão de Pessoas
Tema
Bem-Estar e Mal-Estar no Trabalho
Autores
Nome
1 - Sílvio Luiz de Paula UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Departamento de Ciência da Informação / Campus Recife/PE
2 - Claudinete de Fátima Silva Oliveira Santos GECNET Administração e Serviços Ltda. - Recife/PE
3 - Maria Luciana de Almeida UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE) - Campus Mata Norte
Reumo
As doenças mentais se apresentam como as mais incapacitantes no mercado de trabalho (WHO, 2020). Dentre elas, ressalta-se o estresse ocupacional e a síndrome de burnout (Evans; Charney, 2003). O estresse ocupacional, decorrente de demandas excessivas e condições de trabalho desafiadoras, pode levar ao burnout, uma resposta prolongada do indivíduo a estressores emocionais e interpessoais crônicos laborais, sendo caracterizada pela exaustão emocional, despersonalização (distanciamento) e redução da realização profissional (Maslach; Jackson, 1981).
Baseando-se na atualização da lista de doenças relacionadas ao trabalho, na criação do Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental (LEI 14.831/2024) e na importância do setor de tecnologia, definiu-se como problema de pesquisa: qual o nível de vulnerabilidade ao estresse ocupacional e à síndrome do esgotamento profissional (burnout) dos jovens profissionais de tecnologia da informação? Assim, tem-se por objetivo analisar o nível de vulnerabilidade ao estresse ocupacional e à síndrome do esgotamento laboral (burnout) entre jovens profissionais de tecnologia da informação.
Abrangendo questões emocionais, físicas, comportamentais e sociais, o estresse ocupacional é uma resposta adversa que ocorre quando as demandas do ambiente de trabalho excedem a capacidade do indivíduo de lidar de forma eficaz (ISMA, 2023). O estresse ocupacional, ao se tornar crônico, induz ao desenvolvimento de síndromes como burnout (WHO, 2022). O burnout é um estado crônico de exaustão física, mental e emocional, resultante de situações de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade” (BRASIL, 2024).
Com abordagem mista, realizou-se um estudo observacional, transversal, com amostragem não probabilística. Utilizou-se para coleta de dados questionário com perguntas abertas e inventários da Escala de Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho (EVENT) e da Escala Brasileira de Burnout (EBBURN). A amostra contou com 50 profissionais atuantes na área de tecnologia, residentes na Região Metropolitana do Recife/PE. A análise dos inventários foi individualizada por meio do sistema VOL Vetor Online, condensados em uma planilha Excel, as perguntas abertas passaram por análise categorial temática.
Sobre a vulnerabilidade ao estresse no trabalho, infere-se que o fator Infraestrutura e Rotina de Trabalho é o que menos vulnerabiliza os jovens profissionais de tecnologia. No entanto, os fatores Pressão no Ambiente de Trabalho e Clima e Funcionamento Organizacional evidenciam a necessidade de criar estratégias de combate ao estresse nas organizações de tecnologia da informação em estudo. Sobre o esgotamento, 72% dos respondentes possuem baixa Exaustão Emocional e Frustração Profissional e 98% demonstram baixa Despersonalização e Distanciamento do ambiente de trabalho.
Os jovens profissionais de tecnologia da informação possuem alto nível de estresse, principalmente o relacionado à pressão no ambiente de trabalho e ao clima e funcionamento da organização. Confirmou-se que os indivíduos com níveis de estresse geral alto ou médio alto, na escala EVENT, tendem a apresentar níveis de burnout mais altos que os demais na escala EBBURN. O que remete à confirmação de que o indivíduo que não consegue lidar com o nível de estresse, encaminha-se para um quadro patológico que pode desencadear em impactos significativos em seu bem-estar.
EVANS, D. L.; CHARNEY, D. S. Mood disorders and medical illness. Biological Psychiatry, v. 54, n. 3, p. 177-180, 2003. doi.org/10.1016/S0006-3223(03)00639-5
MASLACH, C.; JACKSON, S. E. The measurement of experienced burnout. Journal of Occupational Behaviour, v.2, p.99-113, 1981. https://doi.org/10.1002/job.4030020205
WHO. Guidelines on Mental Health at Work. World Health Organization-WHO, 2022. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240053052